Com o objetivo de verificar o desenvolvimento do Projeto Aedes Transgênico – PAT,
realizado pela Biofábrica Moscamed Brasil e Universidade de São Paulo – USP em parceria com a Oxitec (empresa inglesa que desenvolve tecnologias no controle e redução populacional de insetos); técnicos da Secretaria de Saúde do Estado
da Bahia estiveram na terça-feira (28) visitando as instalações da Moscamed e conhecendo
todos os procedimentos na produção do inseto Aedes aegypti transgênico, ou seja, modificado geneticamente com a finalid
ade de reduzir casos da dengue no Brasil, um dos maiores problemas endêmicos no mundo atualmente.
A coordenadora da Diretoria
de Vigilância Epidemiológica da SESAB, Dra. Jesuina Castro, o gerente técnico Dr. Agnaldo Orrico e a assessora da Superintendência Técnica, Dra. Elisabeth França conheceram os laboratórios de pesquisa, produção e desenvolvimento do mosquito,
e as instalações de manutenção além da área que está sendo reformada para abrigar uma área de produção mais ampla dentro da Moscamed acompanhados pelo diretor Aldo Malavasi e a supervisora de campo Luiza Garziera.
Cerca de 100 milhões de pessoas são afetadas em todo mundo pelo vírus transmissor da dengue. Diante dessa estatística, os órgãos e entidades públicas ligadas à saúde vêm se unindo para desenvolver tecnologias de controle e erradicação dessa endemia no Brasil. No esforço para combatê-la, o Projeto Aedes Transgênico – PAT busca o controle reprodutório do mosquito Aedes aegypti na natureza, com o cruzamento de uma espécie modificada geneticamente em laboratório, os chamados Aedes Transgênico, que ao copularem com uma fêmea selvagem, geram ovos e larvas que carregam um gene mortal e assim não se desenvolvem para a fase adulta, interrompendo o ciclo de vida do mosquito.
“O projeto investe na saúde pública e essa tecnologia vem revolucionar o controle da dengue no Brasil. Essa tecnologia de controle biológico de epidemias e também empregado na área de segurança e qualidade de alimentos como é o caso do Programa Mosca-das-Frutas, também desenvolvido pela Moscamed demonstra um avanço no Brasil que alcança políticas públicas em todo o mundo, mas para que isso aconteça realmente são extremamente necessárias as parcerias”, salientou.
A coordenadora da diretoria de vigilância epidemiológica Dra Jesuina Castro comentou sobre o desenvolvimento do PAT para a saúde pública na Bahia e no Brasil. “Estamos fazendo a primeira supervisão de acompanhamento do Projeto em parceria com a Secretaria de Saúde, mas a busca de novas tecnologias para controle da doença é muito importante para encontrarmos formas de inibir, sobretudo a reprodução do mosquito que ainda é hoje o elo mais vulnerável da cadeia de produção dele”, avaliou.
Projeto Aedes Transgênico – PAT
Os mosquitos transgênicos produzidos nos laboratórios da Moscamed são mantidos
com controle de temperatura, alimentação adequada para que todos os ovos e larvas se desenvolvam de maneira uniforme. Os ovos são separados por grama, cerca de 1,5g, em recipientes onde serão cuidados para se tornarem larvas. Posteriormente estas são contadas, medidas, catalogadas e depois são sexadas. Os machos são alimentados até a fase adulta para a liberação na natureza, enquanto que as fêmeas são eliminadas.
O Aedes transgênico contém modificações específicas que os tornam diferentes do Aedes aegypti transmissor da dengue. O macho transgênico solto na natureza ao cruzar com a fêmea selvagem passa o gene mortal e os ovos gerado
s morrem ainda na fase de larva ou pupa. “Os mosquitos macho, soltos na natureza, não se alimentam de sangue, portanto eles não picam as pessoas”, destacou o biólogo Danilo Carvalho, pesquisador da USP e técnico da Oxitec que apoia o PAT.
Paralelo à produção, há o monitoramento do número de mosquitos transgênicos e selvagens na natureza com a instalação de ovitrampas (armadilhas) nas comunidades, onde os insetos são capturados e é feita identificação dos mosquitos e também a coleta de ovos.
Implantação do PAT em Juazeiro
O projeto teve inicio em fevereiro de 2011 quando o mosquito Aedes aegypti da linhagem OX513A, oriundo da
tecnologia RIDL, trazida pela Oxitec foi produzido e liberado na natureza para atestar a sobrevivência do mosquito macho. Em julho do ano passado iniciou-se o trabalho de campo com a seleção de comunidades isoladas geografia camente, para a implantação do projeto e o estudo dos resultados, são elas: Itaberaba, Carnaíba, Projeto Mandacarú I e Projeto Maniçoba, localizadas em Juazeiro/BA.
O trabalho de comunicação com a população se iniciou no bairro Itaberaba em julho de 2011, quando a comunidade foi informada
sobre o trabalho que seria realizado no local. Atualmente a Moscamed realiza a liberação de 350 a 400 mil insetos no bairro Itaberaba, esse número dividido em três dias na semana. A próxima comunidade onde o projeto será implantado será em Mandacarú I. Antes da soltura os agentes do Projeto Aedes Trangênico vão a cada casa na comunidade e fazem uma entrevista social explicando o PAT e seus objetivos. Além disso, é realizada uma palestra para toda a comunidade em que é anunciada a data da primeira liberação.
O projeto está sob a coordenação técnica da Professora Margareth Capurro do departamento de parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que há dez anos realiza essa pesquisa.
—