JUAZEIRO! UMA HISTÓRIA FEDERAL

*Carlos Maurício Dias Cordeiro (Mauriçola)

Antigo Porto de Juazeiro
Antigo Porto de Juazeiro

No início da década de 1950 ”, Juazeiro da lordeza”, reinava absoluta com o seu porto cheio de “vapores” e barcas que faziam um intenso comércio com Minas Gerais e a  VFFLB(Viação férrea federal  leste brasileiro)  ligava Juazeiro da belíssima  estação ferroviária  ao  terminal da “calçada” em Salvador.

O governo federal destruiu “a jóia rara do sertão” para construir a ponte Presidente Dutra ligando Petrolina ao Brasil mais desenvolvido, iniciando uma desconstrução dura e acelerada da cidade mágica,com seus “cabarés” e comércio “chic; o  “Ideal palácio” tinha um estilo parisiense, “Caribe stell band” “românticos del Caribe” “ e outras “big-bands”  tocavam por aqui porque o nosso “moulin rouge” era a “BE” Boa esperança do amor desterrado.

Um “elefantinho branco” foi construído em Piranga para ser uma nova estação, foi condenado e esta abandonado até hoje como símbolo máximo do descaso de sucessivos governos federais e estaduais  até a chegada do Presidente Lula ao poder.

Ainda na década de 1960, o governo do estado tentou fechar a FAMESF faculdade de Agronomia do Médio São Francisco, um movimento popular com apoio do Bispo americano  D. Thomáz Murphy impediu.

EDIFÍCIO SHAFIRA E INDUSTRIA TÊXTIL,GRUPO COELHO IMPEDIDO EM  JUAZEIRO

Também  na década de 1960, o grupo Coelho de Petrolina que tinha uma filial das suas empresas em Juazeiro,a exportadora Coelho no cais-porto da cidade,  tentou construir em Juazeiro através da construtora Coelho o primeiro edifício de oito andares na região,o Ed.Shafira,na rua da Apolo, esquina com o antigo

Bazar Royal. O edifício foi lançado com maquete e coquetel e logo abortado pois a “dona prefa” não deu o alvará de construção alegando que, Juazeiro por causa de pedras no sub-solo e “lençol freático” não suportaria tamanha construção? Depois de 1976 o grupo tentou implantar uma indústria têxtil na antiga “aliança industrial de Juazeiro” financiada pela Sudene/Finor,  o prefeito e o vice partiram para o “cacete” e não deixaram alegando que a referida industria estava fora do “DISF”, no entanto, a Cica-norte do grupo “unilever”, instalou-se no bairro Santo Antonio,bem na beira do rio, nas antigas instalações da Ufano-união fabril do Nordeste. Coelho era um bicho “forasteiro” e Juazeiro se orgulhava da única ag. do Banco do Brasil na região  e Petrolina não tinha nem uma agência do INSS, ou junta da justiça do trabalho..

CASTELO BRANCO DEU ASFALTO PARA JUAZEIRO E PERNAMBUCO INTEIRO PARA PETROLINA.

Em 1967, o primeiro ditador do golpe de 1964 o marechal cearense Humberto de Alencar Castelo Branco veio inaugurar a rodovia Lomanto Júnior, Feira de Santana-Juazeiro, passou pela rua Cons.Saraiva onde eu morava,(eu era uma criança traquina, “Castelinho” que virou apelido de “Bacolé” passou pertinho de mim ao lado de Lomanto e Américo Tanuri) atravessou a ponte, foi festejar com Nilo Coelho, o primeiro governador “biônico” de Pernambuco nomeado por ele. No Recife diziam: “para desenvolver Petrolina, Nilo tem um fiscal em cada esquina”.E tudo foi para “Petró” de Dona Josepha Coelho. Embraba, batalhão do exército, até a Codevasf que tinha instalações próprias em Juazeiro foi para um prédio alugado na praça Ma.Auxiadora em Petrolina.Os projetos de irrigação “bebedouro” e “Nilo Coelho”  consumiram o triplo do orçamento previsto, dez vezes mais que o “mandacaru” “tourão” e “Curaça” em Juazeiro.   A “Franave” sucateada na era FHC , foi fechada por Lula e ficamos sem porto, estação, aeroporto, e a nossa principal rodovia era um buraco cortando o sertão.

Duas coisas emblemáticas desse tempo de perdas,uma até me envolveu diretamente: Em 1977 Venci uma etapa de um festival nacional de música em Petrolina sobre o rio São Francisco e fui impedido de ir até Brasília por ser de Juazeiro. O advogado e diretor de teatro já falecido Orlando Pontes, foi único na minha defesa(ele trabalhava em um  escritório com Dr. Expedito Nascimento) e meu amigo Bráulio da rádio Juazeiro/transamérica tocava esta música sem parar e ela dizia que o rio São Francisco era uma grande lágrima se derramando pelo sertão. A outra foi o tradicional restaurante “Maria do Peixe” qualificado pela revista “quatro rodas” que saiu do Castelo Branco e foi para a orla de Petrolina.

Em 1994  acabei vencendo um concurso nacional para escolha do hino do centenário de Petrolina e Fernando Bezerra me entregou um “chequinho“  que aliviou bastante a minha  família vitimada por perseguições políticas naquele tempo em Juazeiro e em 1996 finalmente pude disputar uma final do festival em Brasília,fiquei em segundo lugar.

O resto desta história é por demais conhecida; repleta de injustiças e desprezo, fez  Juazeiro perder quase tudo e Petrolina crescer  sem parar. Até mesmo com a chegada da “Agrovale” Construção da hidroelétrica de Sobradinho e Projeto Caraíba Metais,Petrolina lucrou muito mais por que tinha se estruturado melhor.

*foto do IFBA

Depois do Presidente Lula, muita coisa começou a mudar:

O canal da vergonha na Vila Jacaré foi  coberto e urbanizado em grande parte,  80 milhões de reais para o saneamento básico, ainda na gestão do  prefeito Misael Aquilar,ligado ao “carlismo” que estava no grupo do então ministro Geddel.

A primeira etapa do Projeto Salitre(iniciada e parada na era FHC) Lula concluiu. O hospital regional de Juazeiro é a  maior obra na área da saúde em nossa história , além do SAMU e PSFs

Um grande campus da Univasf com um centro “multieventos” de primeiro mundo(Se não fosse Lula,seria Universidade federal de Petrolina).

E com a presidenta Dilma,Juazeiro tem o maior programa de habitação popular da sua história com mais de 9 mil moradias, amplas e modernas creches, quadras poliesportivas cobertas,Upa, escolas de tempo integral, escolas climatizadas, transporte escolar com ônibus novos e seguros, o IFBA, instituto federal de educação, uma rodovia federal,BR-235 esta sendo construída, a intervenção urbana vai reparar um absurdo, Juazeiro ainda tem bairros próximos ao centro sem pavimentação.

Grandes empresas multinacionais chegaram: “Atacadão=Carrefour” Arcelor Mittal,Mercantil-GBarbosa-cenconsud, Assaí- grupo pão de açúcar, Atacadão Vitória,  indústrias novas no DISF e a construção de um grande shopping começa.

E a melhor notícia é a construção de uma grande unidade, anexa ao HRJ para tratamento de pacientes portadores de CA no semi-árido nordestino.

Dos tempo da ditadura e domínio das Arenas I e II e do “PFL” o colégio modelo, terminal urbano de ônibus, asfaltamento do centro da cidade e centro de cultura João Gilberto foram obras importantes enquanto o maior erro foi a triste destruição do histórico “cais” de Aprígio Duarte onde Juazeiro entrou duplamente pelos canos.

Tem uma foto dos novos aliados “tucanos” em Juazeiro, Santiago Maior esta de costas para eles, cuidado, Santiago pode encarnar o “barqueiro Caronte”.

Vamos lutar agora pela Universidade estadual do São Francisco,Memorial do São Francisco(com uma grande biblioteca) e o parque da cidade. ( o parque da cidade é uma obrigação desde 1989,art. 116 da nossa lei orgânica)

NÃO VAMOS DESISTIR DE JUAZEIRO!

*Carlos Maurício Dias Cordeiro (Mauriçola) é Cantor e Compositor

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