
No alvorecer do século XXI, nós já assinalávamos a tristíssima condição do São Francisco. Ameaçado de ser privatizado e, ambientalmente agredido…apesar das nossas denúncias nada mudou nos últimos 14 longos anos, ou melhor, mudou, mudou para pior.
Enquanto mais de quatrocentas cidades ainda continuam jogando olimpicamente esgoto sem nenhum tratamento no nosso rio, o Governo Federal urdiu uma manobra no mínimo suspeita: encampar todo o sistema CHESF e transforma-lo em ELETROBRAS. Manobra que subordina o mais complexo de geração de energia do país ao Rio de Janeiro, ao passo que reduz a autonomia e o poder de decisão do Nordeste.

É a preparação do fim: a privatização. Por outro lado, o mesmo Governo promove a transposição do Velho Chico, irresponsavelmente, sem primeiro iniciar a sua revitalização, assim, vão matando a maior e mais antiga estrada do Brasil, o rio, que um dia foi dos currais, dos coronéis e da integração nacional… hoje é das hidroelétricas, mas, continua sendo ao longo dos seus 513 anos a esperança do Nordeste inteiro.
O São Francisco não pode morrer. Morrendo, morremos nós.
Por Eliseu Gomes, ex-secretário de Meio Ambiente e Cultura