Pe/247 – O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que não possui nenhum tipo de dívidas ou “rabo preso” com as empreiteiras que possuem ligações com a Petrobras e que realizaram doações para a sua campanha ao Senado nas eleições de 2010. De acordo com Humberto, o financiamento não vai influenciar a sua participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a estatal. O parlamentar afirmou, ainda, que quase todos os membros da vida pública recebem o financiamento das empreiteiras para financiar eleições.
“O fato de eu ter recebido contribuição para a campanha dessas empresas não vai pautar meus atos. No momento em que eu não puder mais participar de uma Comissão Parlamentar de Inquérito porque eu tenha qualquer tipo de ‘rabo preso’ com quem quer que seja, será o momento em que eu vou deixar a vida pública”, garantiu Humberto, nesta sexta-feira (16), em entrevista à Rádio JC News.
De acordo com o parlamentar, a prática é algo comum dentro da vida pública. “Todos os parlamentares, praticamente [recebem dinheiro de empreiteiras]. Talvez um ou outro, uma exceção, que talvez não tenha relações políticas para conseguir, é que não tem”, afirmou, relembrando que o próprio ex-governador de Pernambuco e presidenciável pelo PSB, Eduardo Campos, recebeu R$ 300 mil em doações de empreiteiras.
“Eu não tenho relação nenhuma com a Petrobras, o que eu recebi foi de maneira legal. Do mesmo jeito que eu recebi essas doações, muitos outros políticos receberam. O ex-governador Eduardo Campos recebeu, o senador Aécio Neves [presidenciável pelo PSDB-MG] recebeu, a presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu”, afirmou o petista.
A fala de Humberto vem após a publicação de uma notícia, no jornal O Estado de S. Paulo, onde é afirmado que cerca de um terço dos titulares da CPI da Petrobras no Senado recebeu dinheiro de empresas ligadas à estatal brasileira nas últimas eleições. De acordo com a reportagem, Humberto teria recebido financiamentos no valor de R$ 1,5 milhão das empreiteiras Camargo e Corrêa e a OAS.
Dentre outros beneficiados, está o relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), que teria recebido R$ 1 milhão da Camargo Corrêa. A empresa integra o consórcio responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que pode entrar nas investigações envolvendo a Petrobras. Além de Pimentel, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM), que também são membros da CPI, receberam doações.
A CPI que investigará a Petrobras foi instalada nesta semana, e será conduzida por maioria da base governista. O inquérito vai apurar suspeitas de superfaturamento na compra de uma Refinaria em Pasadena (EUA), que gerou prejuízos de US$ 1,9 bilhões aos cofres públicos. O Complexo Portuário de Suape, na Região Metropolitana de Pernambuco, também pode entrar nas investigações, uma vez que a Petrobras possui negócios na região.