SESSÃO ESPECIAL REVIVE HISTÓRIAS DE VIDA, EMOCIONA E RECONCILIA ANDERSON E VALDECI

BLOGQSPMargaridaO que era apenas uma sessão especial, na tarde desta terça feira, 25/03, de homenagem aos 30 anos do Programa “Quando Nasce Uma Esperança” da Rádio Juazeiro, apresentado por Margarida Benevides, transformou-se na mais emocional das sessões realizadas na Câmara de Vereadores de Juazeiro.

Composta a Mesa, com a presença do ex-prefeito Rivadavio Espínola e da ex vice prefeita Maria Gorete, a sessão foi aberta com um discurso do vereador Zó, propositor, relembrando a realidade brasileira de 30 anos atrás: “nossa cidade tinha em torno de 100 mil habitantes. Estávamos brigando pela eleição direta, nós tínhamos 20 anos de ditadura militar, agonizando e a comunidade clamando por democracia, sequer se falava em serviço social, em Minha Casa Minha Vida, em Bolsa Família, em acessibilidade… Mas o Programa Quando Nasce uma Esperança já falava em tudo isso. Porque falava no amor, falava na partilha. Há 30 anos atrás o Programa fazia o que se faz hoje”.

“Esse programa cresceu junto com Juazeiro ou Juazeiro cresceu junto com este programa. Portanto, Margarida Benevides, em nome desta Casa, em nome dos pares que aprovaram por unanimidade a realização desta sessão, queremos render a nossa homenagem ao seu trabalho, a sua colaboração com a sociedade de Juazeiro, com esta Casa, com todos os governos que por esta cidade passaram. Muito obrigado em nome da sociedade de Juazeiro”.

Entregue a placa comemorativa da sessão, Margarida Benevides ocupou a tribuna, rememorou a criação do programa; o número de atendimentos (“a gente fez ao longo desse tempo mais ou menos 278.000”) e, citando Zó, disse: “Já sabemos, o caminho é o amor. O mais importante do Programa não são as doações materiais. O mais importante foi o que a gente conseguiu plantar na alma do povo de Juazeiro, o sentimento que a gente tem de partilha”.

“Então, eu digo a vocês, esta não é uma festa de Margarida, talvez nem da Rádio Juazeiro. Esta é uma festa do amor”.

Logo após falou José Carlos Medeiros, autor da Lei que criou o Dia da Partilha e as emoções substituíram todos os outros sentimentos: “Às vezes a gente precisa de um abraço, de um afago, mas as vezes a gente precisa também de comida. Lembro-me que no dia 21 de abril de 2003, desempregado, cheio de problemas financeiros… No dia 20 fui dormir na casa de minha mãe, minha esposa, meus meninos. Fui porque sabia que não teria nada para o café da manhã… Não sei como foi aquilo. Acordei com Geraldo José batendo na porta. Quando desci, Geraldo José me disse: Margarida mandou esse presente para você. Eram algumas cestas básicas. Não sei quem disse a Margarida, mas foi um presente muito importante, porque naquele momento meu filho Eduardo não tinha nem leite para tomar. Aquilo marcou muito a minha vida”.

“A senhora é muito especial para Juazeiro, mas é muito mais especial para Zé Carlos Medeiros”.

Falaram a vereadora Suzana Ramos (“eu gostaria de ser um dia uma Margarida”); Mário Gomes do Lions Club; o médico Pedro Alcântara (“Não é fácil vender esperança, com tanto desânimo, com tanta miséria, com tanta pobreza”); o vereador Alex Tanuri agradecendo a Margarida “por estes anos em que o programa esteve presente na vida de todos nós, não apenas presente, mas mudando para melhor a vida dos juazeirenses”; vereador Amilton Ferreira relembrando as doações e sua convivência na Rádio Juazeiro; vereador Bené Marques; a vereadora Valdeci Alves (“Juazeiro precisa ter mais Margaridas!”); o vereador Jean Gomes e o vereador Agnaldo Meira.

Então ocupou a tribuna o Vereador Anderson Alves. Iniciou seu discurso formalmente, saudando os integrantes da Mesa, relembrando os fatos citados das pessoas que procuram o programa em busca de comida, de roupas ou de remédios ou de uma passagem para voltar para casa e pedindo para contar uma história: “Eu morei muitos anos na rua. Isso foi em Campinas, interior de São Paulo. Certo dia entrei na Companhia Telefônica, vi várias placas de vários estados… Entrei onde estava a placa Bahia e lá dentro, estava lá a agenda telefônica… Nunca tinha esquecido o endereço de nossa casa… Estava lá, Juazeiro, Bahia… Flaviano Guimarães, número 45… Aí procurei o nome, achei Valdelice Alves da Cruz, anotei em um papel e depois de muitos dias consegui um cartão…”.

Depois de falar com a tia, narrou Anderson, restava buscar o dinheiro para voltar para casa. “Dona Nilma que eu ajudava, ela me pagava e me dava comida, para tirar o rejunte do banheiro… Eu queria ir para casa… Pedi e Dona NIlma me deu 80 reais… Cheguei em casa… Depois de muitos anos, muitos anos…” e, pela primeira vez citou a vereadora Valdeci, tia, adversária política e desafeta, com quem nem falava: “A primeira cama que dormi foi na casa dela”, interrompido pelas lágrimas e pelos aplausos.

“Tem pessoas que as vezes não tem como voltar para casa… Devo muito a minha tia Neguinha…”

Tudo o que veio depois foram lágrimas e emoções. Falaram os vereadores Anastácio, Tiano Felix e coube ao vereador Caffé destacar o reconhecimento e a busca de reconciliação expressa por Anderson: “Tudo isso que você fez até hoje – disse, olhos marejados de lágrimas – “a melhor coisa que aconteceu no seu Programa foi hoje… Neguinha e Anderson… Que Deus abençoe para sempre você e seu programa… Hoje nasceu uma esperança para a reaproximação de vocês dois…”

Ocuparam a tribuna o Vereador Sargento Bastos e o vereador Nalvinho, apresentando uma moção de congratulações a Margarida.

Rompendo o protocolo discursou Carlos Neiva, Assessor de Articulação de Políticas Sociais da Prefeitura e, para encerrar, o Presidente Pedro Alcântara Filho: “Hoje aconteceu uma coisa aqui nesta Câmara – iniciou, interrompendo-se com as lágrimas – Passei um ano com a esperança… de ver o vereador Anderson e a vereadora Neguinha pelo menos trocarem um olhar… O que o seu programa faz todos os dias aconteceu aqui nessa Casa…”

Só que, mais uma vez, protocolo quebrado, ocupa a tribuna Margarida Benevides: “O maior presente do dia de hoje é se acontecer o que todos nós estamos torcendo…” e, dirigindo-se à Vereadora Valdeci: “Eu queria pedir a você, como o maior presente que eu possa ganhar nessa comemoração, que você pudesse nos dar… Você e Anderson se abraçarem…

Com a plateia, os componentes da Mesa e todos os vereadores de pé, Anderson e Neguinha se abraçaram.

ASCOM

 

 

 

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