Cláudia Vasconcelos
“Nunca escondi minhas ambições, mas tem muita gente que pensa pequeno. Tem partido que não consegue enxergar além dos seus próprios quadros.” O desabafo é do atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), mas não pertence ao presente. Foi proferido em junho de 2002, quando exercia o segundo mandato como prefeito de Petrolina (Sertão). Ali, começava a amadurecer o sonho de uma candidatura majoritária no Estado. A crítica era ao PT, que naquele ano inviabilizara apoio a uma candidatura dele, então no PPS, a governador de Pernambuco. Bezerra Coelho já havia tido o desejo frustrado em 1998, como vice na chapa de Miguel Arraes ao governo, derrotada por Jarbas Vasconcelos (PMDB). Mais baldes de água fria viriam em 2006 e 2010, e agora o socialista corre o risco de ver outro cair sobre si em 2012.
A pré-candidatura de Bezerra Coelho a prefeito do Recife, lance traçado há uma semana, seria a chance de cacifar-se para um projeto mais ambicioso: a sucessão do governador Eduardo Campos (PSB) em 2014. Porém há quem avalie que o ministro periga tornar-se o “boi de piranha” da aliança na eleição municipal – ser aquele que se sacrifica para deixar caminho livre para os que têm mais chance de vencer.
É o alerta do deputado estadual e ex-prefeito de Petrolina Odacy Amorim, que acaba de deixar o PSB rumo ao PT, sendo considerado o estopim do racha na aliança governista. “Fernando não precisa ser usado como boi de piranha em 2012. Se ele precisa se colocar numa majoritária, que se coloque em 2014″, opina o parlamentar, que foi prefeito depois que Bezerra Coelho renunciou ao cargo para integrar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do primeiro governo Eduardo.