
PE247 – Após o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto, manifestar a sua posição sobre o encontro realizado quarta-feira (12) em Brasília para discutir os rumos da legenda em Pernambuco, dizendo que outras lideranças deveriam estar presentes na reunião, o deputado federal e ex-prefeito da Capital João Paulo evitou rebater as críticas do correligionário.
Ambos, em entrevistas separadas à Rádio Folha, demonstraram que a desunião interna no PT pernambucano continua, mesmo após reunião que contou com a presença de representantes das alas ligadas aJoão Paulo e do seu sucessor no comando da prefeitura, João da Costa, bem como as próximas ao senador Humberto Costa. O objetivo era reestabelecer a união interna da legenda visando a eleição presidencial de 2014.
Até porque Pernambuco é reduto tanto da presidente Dilma Rousseff (PT) como do governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), que, é aliado oficial da petista, mas ensaia uma candidatura rumo ao Palácio do Planalto.
O deputado João Paulo foi curto e direto ao ser questionado sobre a avaliação de Oscar Barreto. “Sem comentários”, declarou. Estiveram presentes na reunião, que, o próprio parlamentar, o presidente da sigla em Pernambuco, Pedro Eugênio, ligado ao grupo de João Paulo, e, aqueles da ala do ex-prefeito João da Costa, neste caso, deputado federal Fernando Ferro, a deputada estadual Teresa Leitão, além de Costa, que é o principal desafeto político do seu xará.
Também compareceram à reunião o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o secretário-geral da legenda, Paulo Teixeira, e o senador Humberto Costa, candidato derrotado a prefeito do Recife no ano passado.
Para João Paulo, a reunião foi importante porque estabeleceu um diálogo entre as principais lideranças do PT pernambucano. Na entrevista, o petista, que governou a capital do Estado de 2001 a 2009, reforçou que o pleito presidencial de 2014 é o mote para que as diversas tendências voltem a se unir. O objetivo é não deixar o PT na crise política em mais uma eleição, evitando prejuízos à campanha da chefe do Executivo federal no Estado. “A prioridade é a eleição da presidente Dilma. Isso nos foi colocado e é o entendimento que temos”, sintetizou João Paulo.
Se para o deputado a reunião foi relevante, não se pode dizer o mesmo com relação ao posicionamento do presidente do PT no Recife, Oscar Barreto. “O PT de Pernambuco não se resume às pessoas e lideranças que estiveram nesse encontro. Existem outras lideranças que deveriam estar presentes nessa discussão”, disse. De acordo com o dirigente, a reunião contou a presença de pessoas que são favoráveis à desunião do partido. “As pessoas vazaram o encontro para que ele não desse certo. Foi com esse espírito que foram para a reunião”, afirmou.
A desunião dentro do PT se arrasta desde o começo da gestão de João da Costa (2009–2013) frente à Prefeitura do Recife (PCR). O ex-prefeito e o seu antecessor, João Paulo, e as causas deste rompimento nunca foram totalmente esclarecidas. O auge da crise política se deu no primeiro semestre do ano passado, no processo de prévias partidárias entre Costa, que pleiteava a reeleição, e o então deputado federal Maurício Rands, que era apoiado por João Paulo, Humberto Costa, Pedro Eugênio e pelo governador Eduardo Campos.
A Direção Nacional do PT anulou a disputa, sob o argumento de que o clima estava tenso demais, contando, inclusive, com denúncias de fraudes no confronto. Em consequência, a cúpula nacional lançou o senador Humberto Costa como uma tentativa de consenso, mas não adiantou. Mesmo durante a campanha municipal, João da Costa não manifestou apoio ao candidato imposto pela direção do Partido dos Trabalhadores. O desfecho foi a vitória de Geraldo Júlio (PSB), indicado por Eduardo Campos, que pôs fim a uma hegemonia de 12 dos petistas no comando da PCR.