‘Química’ de Lula e Donald Trump gera ciúmes entre bolsonaristas

Por Túlio Amâncio

Fala de Lula reforçou a ira de parlamentares bolsonaristas, que querem sustentar que Trump e o presidente brasileiro são como água e óleo e que não existe química capaz de aproximá-los

Depois da declaração do presidente norte-americano Donald Trump, que disse ter tido “uma química excelente” com Lula no rápido encontro nos bastidores da ONU, ontem (24) foi a vez do presidente brasileiro afirmar, em coletiva de imprensa, que a química foi recíproca.

“Já estive outras vezes ali e nem sempre encontrei presidentes. Já estava saindo, ia pegar minhas papeletas e ir embora, quando Trump veio em minha direção com uma cara muito simpática e agradável”, contou Lula. “Acho que pintou uma química mesmo.

A fala de Lula reforçou a ira de parlamentares bolsonaristas, que querem sustentar que Trump e Lula são como água e óleo e que não existe química capaz de aproximá-los.

É perceptível entre parlamentares mais alinhados a Jair Bolsonaro o incômodo com a aproximação entre os dois presidentes. Em declarações públicas, eles têm tentado minimizar o episódio.

O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) disse ao repórter Túlio Amâncio, da Band em Brasília, que acredita que Lula está com medo de encarar de frente o norte-americano e que sentiu o presidente brasileiro apreensivo e que Trump quer “falar verdades”, assim como fez com os presidentes da Ucrânia e da África do Sul. Na ocasião, durante um encontro com Cyril Ramaphosa, no Salão Oval, Trump exibiu vídeos com alegações infundadas de “genocídio branco” e cruzes apresentadas como túmulos de fazendeiros, em uma narrativa que foi amplamente contestada e desmentida posteriormente.

Lula declarou na quarta-feira (24) que ele e o presidente dos Estados Unidos se tratarão com respeito em um eventual encontro. “Somos dois homens de 80 anos”, justificou o brasileiro.

Já a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou não acreditar que Trump trairia seus princípios em uma reunião com Lula.

Segundo fontes bolsonaristas que preferem se manter no anonimato para não criar atrito com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo e Paulo Figueiredo acionaram Ricardo Pita, conselheiro sênior do Departamento de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, considerado o homem do governo mais próximo dos dois. O objetivo é evitar que o contato entre Lula e Trump ocorra e, ao mesmo tempo, divulgar nas redes sociais a versão de que foi o petista quem “não teve coragem” de dialogar com o republicano.

As versões de Eduardo e Figueiredo sobre a política brasileira são repassadas a Pita, que, por sua vez, as transmite a Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA. É Rubio quem apresenta a Trump as ideias propagadas pelo deputado e pelo lobista.

 

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