
Durante um evento, o dirigente do PL admitiu que “houve um planejamento de golpe” no Brasil, embora tenha ressaltado que o ato em si não se concretizou. Para Bergamo, essa fala é crucial, pois a condenação de Bolsonaro se baseou, justamente, na premissa de que o planejamento e os atos preparatórios para atentar contra a democracia já configuram crime.
Segundo a analista, ao tentar minimizar os fatos relativos à tentativa de golpe de Estado, Valdemar acabou por validá-los, contrariando a linha de defesa que sempre negou qualquer articulação contra a democracia.
“Por que essa fala do Valdemar atrapalha? Por que pode piorar na situação do Bolsonaro, que já está condenado a 27 anos e três meses? Pode piorar, Megale, porque ainda vão ser julgados embargos. As defesas querem recorrer a organismos internacionais, dizendo que o julgamento foi injusto, que não teve tentativa de golpe nenhuma. Querem, com isso, colocar água no moinho da anistia. Mas, se um dos principais aliados diz que teve sim tentativa de golpe, com que moral eles ficam?”, avaliou Bergamo.
De acordo com a colunista, o presidente do PL cometeu um erro de interpretação jurídica ao comparar o planejamento de um golpe a um assassinato que não foi executado, afirmando que não haveria crime, já que a legislação brasileira prevê o contrário: a conspiração para derrubar o Estado Democrático de Direito é, por si só, crime.
Os ministros do STF consideraram que as ações de Bolsonaro para desacreditar o sistema eleitoral foram atos executórios desse plano, e a fala de Valdemar corrobora essa interpretação, já que, segundo a declaração do presidente do PL, houve o “planejamento de golpe”.
A repercussão entre os apoiadores mais radicais foi imediata e negativa, conforme relatado na BandNews FM. Bergamo informou que, em grupos de mensagens, Valdemar foi chamado de “canalha” e suas palavras foram vistas como uma traição. Para piorar, o presidente do PL referiu-se aos manifestantes do 8 de janeiro como um “bando de pé de chinelo”, um termo pejorativo que ofendeu a base que os considera “patriotas” e “presos políticos”.
Em suma, a tentativa de Valdemar de defender Jair Bolsonaro resultou em um tiro pela culatra, de acordo com a análise de Bergamo. As declarações não apenas forneceram mais argumentos para os adversários e para a Justiça, mas também minaram a narrativa da defesa e criaram uma fratura exposta com a base bolsonarista.