Psicóloga do Vale do São Francisco destaca importância do Abril Azul e pontua sobre inclusão, empatia e mitos sobre o autismo

Profissional ressalta o papel da família, o diagnóstico precoce e a necessidade de desmistificar o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Conhecido como Abril Azul, o período reforça a importância do diagnóstico precoce, da inclusão social e escolar e do combate ao preconceito ainda enfrentado por milhares de pessoas autistas em todo o país.

Segundo a psicóloga infantil Jéssica Richelle, que atua há 10 anos na região do Vale do São Francisco, falar sobre autismo é urgente e necessário. Especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e com formações em desenvolvimento infantil, transtornos do neurodesenvolvimento, Terapia Cognitivo-Comportamental, Modelo Denver de Intervenção Precoce e avaliação do desenvolvimento, Jéssica também é mãe atípica.

“Meu filho do meio, de 7 anos, é autista. A maternidade nos impulsiona em tudo. Ser mãe atípica e trabalhar na área me dá uma visão ampla, técnica e sensível para entender os desafios e, principalmente, enxergar as potencialidades que todas as crianças carregam”, explica.

Primeiros sinais e a importância da intervenção precoce

De acordo com a profissional, identificar os primeiros sinais é essencial para iniciar o quanto antes o processo de avaliação e intervenção. “O diagnóstico não deve ser visto como um rótulo, mas como uma ferramenta de orientação. Quanto mais cedo começamos, maiores são as chances de estimular o desenvolvimento da criança em aspectos como comunicação, interação social e autonomia”, afirma.

Entre os principais sinais observados nos primeiros anos de vida estão dificuldade na comunicação verbal e não verbal, pouco contato visual, interesse restrito por objetos e comportamentos repetitivos. Ao notar essas características, os responsáveis devem procurar uma equipe multidisciplinar para uma avaliação completa.

Inclusão escolar e papel da família

Além do acompanhamento clínico, a inclusão escolar é considerada um dos pilares do desenvolvimento de crianças autistas. “Não basta estar na escola, é preciso garantir uma inclusão de fato, com adaptações, respeito às particularidades e capacitação dos profissionais da educação”, destaca Jéssica.

Ela também reforça o papel fundamental da família nesse processo. “O envolvimento da família é uma das maiores forças. A participação ativa dos pais nas terapias, no ambiente escolar e no cotidiano da criança faz toda a diferença. A aceitação é o primeiro passo para o desenvolvimento.”

Mitos e termos importantes

Durante o Abril Azul, especialistas também aproveitam para esclarecer mitos e trazer informações corretas sobre o autismo. Um dos equívocos mais difundidos é a falsa associação entre o TEA e vacinas — uma teoria já desmentida por inúmeros estudos científicos.

“Ainda ouvimos muitos mitos, como o de que todo autista tem deficiência intelectual, ou de que são ‘agressivos’. O espectro é amplo, e cada pessoa tem características únicas. O conhecimento e a empatia são fundamentais para combater o preconceito”, explica a psicóloga.

Entre os termos importantes ligados ao tema estão:

• Neuroatípico: pessoa com um desenvolvimento neurológico diferente do considerado típico, como indivíduos com TEA.
• Crise sensorial: reações intensas a estímulos como sons, luzes ou toques, comuns em pessoas autistas.
• Intervenção precoce: início de terapias e acompanhamento profissional logo após os primeiros sinais.

Um convite à empatia

Jéssica reforça que o autismo não precisa de cura, mas de compreensão. “Cada criança, cada adolescente, cada adulto autista tem um mundo interno rico e potente. Com os estímulos certos, todos podem desenvolver suas habilidades e ocupar seu espaço na sociedade com dignidade e respeito.”

A campanha Abril Azul é também um chamado para que escolas, famílias, profissionais e a sociedade como um todo ampliem o olhar sobre o autismo — com informação, acolhimento e empatia.

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