A ESCOLA DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE JUAZEIRO (EFEJ) RECEBE VISITA DA TRIBO FULNI-Ô

BLOGQSP.ÍNDIOSA Escola de Formação de Educadores de Juazeiro (EFEJ) recebeu nesta quinta-feira (02) a visita dos índios da tribo Fulni-ô (Povo da Beira do Rio), de Águas Belas – PE .

A iniciativa de proporcionar aos formadores um momento de cultura e diversidade partiu da gestão da EFEJ, com o objetivo de provocar, trabalhar a interdisciplinaridade, contextualização, valorização das origens e quebra de estereótipos.

Os índios Fulni-ô apresentaram seus costumes, danças, artesanato e responderam a questionamentos dos educadores, curiosos em saber sobre o processo de miscigenação, contato com os brancos e período em que ficam reclusos no município pernambucano.

De acordo com a gestora Rosemar Duarte, a expectativa é de que aconteça uma desmistificação da figura do índio, que muitas vezes só é abordada no dia 19 de abril e de uma forma aculturada.

“É preciso pensar um pouco mais profundamente sobre esse processo de construção do país e do povo brasileiro. Afinal, o índio não é só aquele estereótipo do povo pintado e que usa cocar, como muitas vezes é simplificadamente representando nas escolas, mas sim parte fundamental da nossa história. Sem dúvida, os formadores presentes hoje aprenderam mais sobre isso e desenvolveram um novo olhar sobre o tema, pois as vivências promovem o conhecimento através do intelecto, sentimento, artes e outros”, destacou Rosemar.

Sobre a forma que as novas informações chegarão à sala de aula, Taciane Passos de Castro explicou que os formadores serão os multiplicadores, que provocarão os professores da Rede Municipal de Ensino para que estes possam trabalhar a construção da identidade brasileira de uma maneira interdisciplinar, fazendo com que o direito à diversidade cultural passe a ser intrínseca ao aluno.

De acordo com o que diz a Lei N 11.645 de 10 de março de 2008, a inclusão no currículo oficial das redes de ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” é obrigatória. Tal exigência é vista como uma iniciativa rica que resgata uma questão importante da escola, propiciando aos alunos oportunidades de conhecer o processo de construção do país, bem como compreender a história indígena do passado e do presente, inclusive os aspectos positivos dessa população em relação à cultura brasileira.

Vale ressaltar que essa nova lei oferece ao aluno a oportunidade de reconhecer as matrizes culturais que fazem parte da história do Brasil, pois a abordagem realizada nas escolas estava voltada para a história europeia, sendo desprezadas as sociedades africanas e indígenas. “As pessoas tem o costume de dar valor apenas ao que vem de fora e isso precisa ser mudado. A Rede Municipal de Ensino de Juazeiro instituiu o ensino dessas culturas e seus elementos, mas como na Bahia se fala muito do povo africano e nem tanto dos indígenas, resolvemos promover esse encontro para auxiliar no preenchimento dessa lacuna”, justificou a gestora da EFEJ.

Índios Fulni-ô

Os índios da tribo Fulni-ô vivem no município de Águas Belas, em Pernambuco numa aldeia de 11.500 hectares, localizada a 500 metros da sede da cidade e sua população é de aproximadamente 6 mil índios. A origem do nome Fulni-ô é muito antiga e significa “Povo da Beira do Rio”. Esses índios têm convívio diário com os não-índios, são todos bilíngues, se vestem como os brancos, mas não perderam sua identidade. São os únicos indígenas do nordeste brasileiro que mantêm viva a sua língua nativa a Yaathe (ou Yathê).

Além da aldeia, a comunidade possui na reserva outro local de moradia, onde habitam durante três meses por ano por ocasião dos rituais do Ouricuri. O Ouricuri é um retiro religioso secreto, realizado anualmente nos meses de setembro, outubro e novembro, onde não é permitida a entrada de não-índios (mesmos os que têm qualquer tipo de parentesco com os Fulni-ô), pois é um espaço sagrado para eles. Os índios vivem do artesanato da palha do ouricuri, comercializado nas feiras livres da região, da agricultura de subsistência e de alguma criação de bovinos e suínos. Ainda praticam a caça e a pesca, mas essas atividades estão quase em extinção, devido aos desmatamentos e à poluição dos rios da região.

Conheça mais sobre a tribo Fulni-ô no endereço eletrônico: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=674&Itemid=188.

Anna Monteiro

Assessoria de Comunicação

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