“Fogo amigo”: Gleisi diz que Padilha ofende o PT e que trabalho do ministro de Lula ajudou em resultado fraco nas urnas

Por Folha de São Paulo –

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu às declarações do ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que disse que o partido ainda está na “zona de rebaixamento” nas eleições municipais.

Em postagem no X (antigo Twitter), ela afirmou que o ministro ofende o PT ao fazer “graça” sobre o assunto, além de diminuir o esfoço nacional da legenda. Também responsabilizou Padilha pelos resultados obtidos.

Na publicação, Gleisi disse que era necessário “refrescar a memória de Padilha” sobre o que vem acontecendo com o PT desde 2016 e que se reproduziu nos pleitos municipais. “Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita”, escreveu

“Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças. Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”, completou.

Nesta segunda (28), após reunião com o presidente e com Gleisi, no Palácio da Alvorada, Padilha disse que o PT, mesmo que tenha melhorado em relação a 2020, ainda não saiu da zona de rebaixamento, numa metáfora de futebol para o desempenho fraco do partido nas urnas.

A sigla elegeu neste ano 252 prefeitos. Desse total, ganhou em apenas uma capital: Fortaleza, onde Evandro Leitão venceu André Fernandes, do PL, por uma diferença de apenas 10.838 votos. O petista obteve 50,38% dos votos válidos (716.133 no total) ante 49,62% do bolsonarista (705.295).

Nas eleições de 2020, a sigla obteve 182 prefeituras. Já em 2012, o PT conquistou a sua melhor marca, quando 637 cidades escolheram políticos do partido como prefeitos. Na época, Dilma Rousseff cumpria o seu primeiro mandato como presidente.

As declarações de Padilha foram feitas a jornalistas.

“Hoje também fiz um balanço, trazendo os números para o presidente e querendo reforçar uma avaliação de que a grande vitoriosa foi a reeleição. Teve um tsunami de reeleição no país, foi 82% a taxa, a maior da história de reeleição”, disse.

Ele chegou a citar mesmo o caso de Ricardo Nunes (MDB), indiretamente, que não tinha 30% dos votos no primeiro turno, mas acabou sendo reeleito. Disse que esses prefeitos reeleitos aproveitaram o bom momento econômico e injeção de recursos do governo federal.

“Teve conquistas importantes, a eleição na capital [Fortaleza], elegeu cidades importantes nesse segundo turno, mas ainda tem um esforço de recuperação e eu acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como voltar a ser um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades”, completou.

De acordo com o ministro, foi feito um saldo das eleições e, à tarde, a Executiva Nacional do PT iria se reunir para iniciar esse debate.

Padilha falou ainda da necessidade de o partido fazer uma avaliação interna, sobretudo para compreender como trabalhadores, em especial os que ganham entre dois e dez salários mínimos, não se sentem representados pela legenda.

O próprio presidente já tem falado bastante sobre a necessidade de o PT voltar a se aproximar da classe trabalhadora.

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