Projeto navegando no velho chico realiza primeiro evento do roteiro

 

Uma viagem pelas águas do Rio São Francisco, acompanhada de muita informação, conscientização, beleza e choque de realidade é o que propõe o projeto Navegando no Velho Chico. A iniciativa, que surgiu em 2010, de uma parceria entre o Ministério Público, Comissão Pastoral da Terra (CPT), IRPAA e Secretaria de Educação, realizou seu primeiro evento deste ano nesta segunda-feira (23). O passeio, a bordo da barca Rio dos Currais, saiu do Porto das Barquinhas em Juazeiro, durou quatros horas, e percorreu importantes pontos de referência para a história local do rio, como Angari, Ilha do Rodeadouro e do Massangano, onde vive uma comunidade Quilombola. A viagem contou com a segurança do Corpo de Bombeiros e teve como públicos-alvo coordenadores pedagógicos da Rede Municipal de Ensino.


Através de contos, depoimentos, canções, poesia e sensações, os participantes aprenderam um pouco mais sobre educação ambiental, cultura ribeirinha e principalmente sobre a importância do rio como fonte de vida para o Semiárido. Os problemas também não foram esquecidos. Assoreamento, retirada ilegal de areia, destruição da mata ciliar, construções irregulares na beira do rio e escassez de algumas espécies de peixes, também foram foco de análises e discussões.


“Esse é um projeto de educação ambiental continuada, que surge da necessidade de preservação do Rio São Francisco e do seu povo. Ele nasce do desdobramento de um trabalho de fiscalização ambiental, e conta com diversos órgãos parceiros, além dos militantes e apaixonados pela causa”, explicou a coordenadora do Núcleo de Defesa do São Francisco e representante do Ministério Público, Luciana Khoury.


Nesta etapa, foram escolhidos inicialmente os coordenadores pedagógicos, para que estes possam ser multiplicadores nas escolas públicas. “Tornamos-nos parceiros porque acreditamos no propósito e entendemos que a educação é a base para se mudar a realidade, que hoje o nosso rio enfrenta. O Velho Chico pode e deve virar elemento pedagógico-didático nas escolas”, ponderou a gerente de Ensino Fundamental, EJA e Educação Especial, Sônia Passos.


Apesar da conscientização sobre as dificuldades que atualmente o Rio São Francisco suporta, o que realmente marcou para a maioria dos “navegantes” foi o sentimento de pertencimento. “Olhamos para esse rio todos os dias, bebemos dessa água, nos beneficiamos de diversas maneiras e nos esquecemos de observá-lo com o cuidado e amor necessários. Hoje, com certeza, a gente adquire um novo olhar. Saímos desse passeio com a obrigação de fazer algo de concreto, porque a nossa história e a do Rio São Francisco estão interligadas”, relatou a coordenadora Minéia Soares.


O objetivo da viagem parece ter sido bem assimilado por todos. “Almejamos a construção de saberes participativos e coletivos. As pessoas precisam conhecer mais a própria história para poder preservá-la. A nossa vida depende do rio e este da nossa proteção. Se a gente conseguir tocar o coração de grande parte da população como pudemos observar hoje, com certeza teremos um futuro diferente e perderemos o medo do Velho Chico morrer”, concluiu o representante da CPT, Cícero Félix.

Ascom/PMJ

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