Às vésperas de completar 2 meses, veja balanço da greve nas federais

Flávia Said/ Metrópoles

Governo Lula anunciou novos recursos nesta semana e espera que paralisações cheguem ao fim. Ainda há 55 universidades em greve

greve dos professores de universidades e institutos federais vai completar dois meses no próximo sábado (15/6), com expectativa, por parte do governo Lula (PT), de que as paralisações docentes sejam encerradas. Na última segunda-feira (10/6), o presidente da República anunciou R$ 5,5 bilhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades e hospitais universitários, após reunião com reitores.

O chamado PAC das Universidades foi mais uma sinalização dada pelo governo na tentativa de debelar as greves, que hoje afetam 62 instituições, sendo 55 universidades, cinco institutos federais (IFs), e dois centros federais de educação tecnológica (Cefets). A Universidade de Brasília (UnB) é uma das que seguem mobilizadas (veja a lista atualizada no final desta matéria).

Além dos investimentos no PAC, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou um acréscimo de recursos para o custeio das instituições federais, em um total de R$ 400 milhões, dos quais R$ 279,2 milhões serão para as universidades e outros R$ 120,7 milhões para os institutos federais.

Os anúncios de mais recursos foram bem recebidos pela principal entidade da categoria, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). “A força da greve ficou evidente com o anúncio do aporte de recursos”, disse a entidade.

Agora, negociadores do governo esperam que assembleias de universidades comecem a deliberar pelo fim da greve, a exemplo do que fez na semana passada a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O Andes não acatou o acordo com o governo federal — assinado apenas pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes), em 27 de maio — e conseguiu sua suspensão na Justiça. No entanto, com o recente registro sindical da Proifes, há expectativa de que a decisão seja revista e o acordo seja confirmado.

Criticando “desrespeitosas manifestações do(a)s representantes do governo federal contra a greve e seus(suas) dirigentes”, o Andes atribuiu a divulgação das medidas “à força e ao apelo do movimento grevista”. Por ocasião do anúncio, o presidente Lula disse que toda greve “tem um tempo para começar e tem um tempo para terminar” e afirmou que não se pode ir na linha do “tudo ou nada”, sob o risco de não se ter nada.

Reajustes em 2025 e 2026

Além do orçamento às universidades, o governo propôs um reajuste em duas parcelas, válido para os dois próximos anos, dividido da seguinte maneira: 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.

Também foi acertada a reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira. O acordo terá impacto fiscal de R$ 6,2 bilhões em dois anos.

O Andes demandava um reajuste salarial ainda em 2024, de 3,69%, a ser pago em agosto, além de 9% de correção em janeiro de 2025 e mais 5,16% em maio de 2026. Por isso, o sindicato se recusou a assinar o Termo de Acordo com o governo.

Alegando falta de espaço orçamentário, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) afirma não ter mais margem para negociação. Em 2024, foi concedido para todos os servidores do Executivo federal um reajuste nos benefícios (auxílio-alimentação, per capita da saúde complementar e assistência pré-escolar).

O MGI tem dito que chegou “no limite”, mas permanece aberto para diálogo sobre pautas não-salariais com o magistério em outras instâncias, como em reunião da Mesa Setorial agendada para sexta-feira (14/6).

Técnicos ainda não chegaram a acordo

Além do acordo firmado com os representantes dos docentes, o governo ainda está conversando com os técnicos-administrativos em educação (TAEs) para chegar a um consenso. Essa categoria está em greve há mais tempo, 90 dias. Na terça (11/6), em nova rodada de negociação, o governo propôs um reajuste de 9% em 2025 e de 5% em 2026.

Ainda que o processo com os TAEs prossiga, a avaliação é de que, com a retomada das atividades dos docentes, já seja possível retomar as aulas nas instituições de ensino superior do país.

Veja abaixo o quadro atualizado da greve docente:

UNIVERSIDADES FEDERAIS EM GREVE:

  1. Universidade Federal do Rio Grande (FURG);
  2. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB);
  3. Universidade Federal do Ceará (UFC);
  4. Universidade Federal do Cariri (UFCA);
  5. Universidade de Brasília (UnB);
  6. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF);
  7. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP);
  8. Universidade Federal de Pelotas (UFPel);
  9. Universidade Federal de Viçosa (UFV);
  10. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES);
  11. Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
  12. Universidade Federal do Pará (UFPA);
  13. Universidade Federal do Paraná (UFPR);
  14. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB);
  15. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa);
  16. Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);
  17. Universidade Federal de Rondônia (UNIR);
  18. Universidade Federal de Roraima (UFRR);
  19. Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ);
  20. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
  21. Universidade Federal de Catalão (UFCAT);
  22. Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB);
  23. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM);
  24. Universidade Federal de Tocantins (UFT);
  25. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
  26. Universidade Federal Fluminense (UFF);
  27. Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
  28. Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE);
  29. Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE);
  30. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP);
  31. Universidade Federal da Bahia (UFBA);
  32. Universidade Federal do ABC (UFABC);
  33. Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA);
  34. Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras (UFCG-Cajazeiras)
  35. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);
  36. Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
  37. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS);
  38. Universidade Federal do Acre (UFAC);
  39. Universidade Federal de Lavras (UFLA);
  40. Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR);
  41. Universidade Federal de Goiás (UFG);
  42. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
  43. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP);
  44. Universidade Federal do Sergipe (UFS);
  45. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB);
  46. Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA);
  47. Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA);
  48. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
  49. Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
  50. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ);
  51. Universidade Federal de Rondonópolis (UFR);
  52. Universidade Federal do Piauí (UFPI);
  53. Universidade Federal da Paraíba (UFPB);
  54. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB); e
  55. Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

INSTITUTOS FEDERAIS (IFS) EM GREVE:

  1. Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS);
  2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS);
  3. Instituto Federal do Piauí (IFPI);
  4. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste-MG (IF Sudeste-MG) – Campus Juiz de Fora, Campus Santos Dumont e Campus Muriaé;
  5. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) – Campus Visconde da Graça.

CENTROS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO (CEFETS) EM GREVE:

  1. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG); e
  2. Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ)

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