As principais causas para esse cenário são o aumento do nível do mar e a intensificação da erosão na zona costeira da cidade. O estudo foi publicado na revista científica Science of The Total Environment, com base em dados dos últimos 37 anos. Diferentes cenários estipulam o aumento do nível do mar entre 1, 2, 5 e 10 metros nos próximos 18 anos.

Imagens de satélite obtidas durante o período de pesquisa mostram que praias como Praia do Amor, Jacumã, Carapibus (ao norte), e Coqueirinho, Arapuca, e Tambaba (ao sul) perderam aproximadamente 27 centrímetros de território anualmente desde 1985, totalizando cerca de nove metros de perda territorial desde o início do estudo.

 

De acordo com o estudo, essas mesmas praias continuarão sujeitas a forte erosão se o aumento do nível do mar persistir. O estudo apresenta estimativas da quantidade de território que poderia ser perdida com diferentes aumentos no nível do mar, destacando os seguintes cenários:

  • 1 metro: Afetaria 0,21% da bacia de estudo, equivalente a 0,36 km²;
  • 2 metros: Ampliaria a área submersa para 1,45 km², representando 0,84% da bacia;
  • 5 metros: Impactaria aproximadamente 3,79% da bacia, correspondendo a 6,55 km²;
  • 10 metros: 11,6% da bacia, ou seja, 20,07 km², estariam em risco de inundação.

— Essa elevação pode acontecer devido ao derretimento das calotas polares e glaciares, além da expansão térmica dos oceanos por causa do aquecimento global. Estes fatores são amplamente impulsionados pelas emissões de gases de efeito estufa resultantes de atividades humanas — explica ao g1 o professor Celso Santos, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (Deca) da UFPB, e um dos autores do estudo.

O estudo destaca que além da perda de território, a subida do nível do mar pode acarretar intrusões de água salgada em lençóis freáticos, impactar ecossistemas costeiros e marinhos, aumentar o risco de inundações e tempestades costeiras, além de deslocar comunidades costeiras.

Nível do mar em Santa Catarina

O fenômeno de subida gradual do nível do mar e perda de território na área costeira não é exclusivo de Conde, pois outras cidades costeiras globalmente enfrentam desafios semelhantes.

Segundo uma estimativa da Nasa, em 2050, o mar em Santa Catarina irá subir 25 centímetros. Cada centímetro corresponde, em média, a um metro de terra inundada “para a frente”; ou seja, a costa catarinense perderá 25 metros para a água.

Um mapa elaborado pelo Climate Control projeta quais as partes mais afetadas no Litoral. As regiões da lagoa Imaruí e da Baía Metropolitana da Grande Florianópolis, próximo a Tijucas e Perequê, estão entre as mais afetadas. No Norte do Estado, a Baía da Babitonga também poderá ser afetada, principalmente na região Nordeste de Joinville.

Em Florianópolis, as localidades mais propensas a sofrer com o problema, segundo esse mapa, são Daniela, Ribeirão da Ilha, Ponta das Canas, Praia Brava, Jurerê, Costeira do Pirajubaé, Tapera, Solidão e Naufragados.

— A combinação de tempestades mais violentas, ventos mais violentos, que trazem ondas mais altas, com um nível médio do mar já aumentando e mais próximo da linha de costa, faz com que você tenha muita erosão de praia. É o que acontece geralmente no Sul da Ilha, em Armação, Morro dos Conventos, quando você tem uma diminuição da linha de praia, ou no Norte da Ilha, que aí estão fazendo engorda de praia — ilustra a professora de Oceanografia Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Rodrigues.