FILHO DE CANGACEIROS MANIFESTA ORGULHO DOS PAIS, MAS ASSUME: ‘O TERMO BANDIDO CALHA

Sílvio Bulhões é filho dos cangaceiros Dadá e Corisco, mas foi entregue na infância para ser criado por um padre  –  

WALLACY FERRARI  –

Sílvio Bulhões, 87, guarda com orgulho o enxoval feito por sua mãe, os cangaceiros Dadá e Corisco; embora não tenha tido a oportunidade de conviver com eles, foi entregue ainda criança para ser criado pelo padre Bulhões, em Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, como forma de sobreviver.

Para manter viva a história de seus pais e do Cangaço, Sílvio encontrou uma maneira singular: escrever. Seu diário se transformou no livro “Memórias de um Filho de Cangaceiros – Corisco e Dadá”. Nele, compartilha suas lembranças e sentimentos em relação a seus pais, tratando Corisco com o título de cangaceiro, o qual o mesmo carregava com orgulho, como explicou à TV Gazeta, afiliada alagoana da TV Globo.

Visando o respeito

Além de preservar as memórias, Sílvio também empreendeu uma luta para garantir um tratamento digno aos membros do bando de seu pai. Empenhou-se para que as cabeças de Corisco e outros cangaceiros, anteriormente expostas em praça pública após serem decapitados, fossem finalmente enterradas com dignidade.

Silvio explica que, mesmo com o respeito e intenção de manter a memória dos pais viva, chega a ser indagado sobre os atos feitos pelos genitores:

Quando alguém, às vezes, diz ‘seu pai foi um bandido?’, eu digo, para a sociedade foi. O grupo de Lampião, o grupo de papai e outros eram grupos de marginais. Portanto, o termo bandido calha. Eu é que nunca o trato desse jeito. Eu trato de cangaceiro, que ele se orgulhava disso”, disse à emissora.

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