História em Leilão

A centenária Sociedade 28 de Setembro será leiloada por conta de 38 mil reais

Fundada em 28 de setembro de 1897 pela família juazeirense Evangelista de Mello, o prédio da tradicional Sociedade 28 de Setembro, que permeia a memória de muitos moradores da região pelos grandes carnavais que foram promovidos nas suas instalações, será posto à venda no leilão que acontecerá no dia 15 do próximo mês (junho), na 1ª Vara da Justiça do Trabalho em Senhor do Bonfim (BA). O processo judicial que determinou a comercialização do imóvel foi requerido por uma ex-funcionária da Sociedade, Maria Margarete Carvalho de Menezes, que pede a quitação das suas dívidas trabalhistas do período que foi auxiliar administrativa na organização, de 1999 a 2007. A dívida, que inclui 13º salários, remuneração de férias, aviso prévio e o último mês de trabalho não pago, condensa o montante atualizado de R$ 38.091,24.

 

O prédio da 28 de Setembro ou “Setembrina”, como é conhecida saudosamente por seus antigos frequentadores, está localizado numa das melhores áreas comerciais de Juazeiro, no centro da cidade, e foi avaliado, no mesmo processo, em R$ 250.000,00. Isto significa que, caso o imóvel seja arrematado no leilão, a 28 de Setembro será vendida por conta de uma dívida que representa apenas cerca de 16% do valor total da estrutura.

 

Um dos questionamentos de muitos juazeirenses que estão cientes do processo é para onde serão destinados os mais de 210 mil reais restantes da venda da Sociedade, já que esta é registrada como propriedade jurídica própria, e possui um grupo de sócios proprietários, cujos nomes não constam no processo do leilão.  “Normalmente, numa empresa privada, devolve-se aos ex-proprietários que possuem a titularidade da empresa o valor remanescente da venda. Nesse caso especial, que se trata de uma sociedade composta por sócios, certamente o juiz da causa vai decidir de que forma e para quem o valor remanescente será devolvido”, explica o chefe de gabinete da  1ª Vara da Justiça do Trabalho em Juazeiro, Luiz Anselmo, onde o processo se encontra.

 

Para Roberto Palma, ex-associado da 28 de Setembro, o que está em jogo vai além de questão financeira. Para ele, a Sociedade possui um imensurável valor sócio-cultural na história de Juazeiro e região, e é inaceitável que esta seja sucumbida para quitar uma dívida muito inferior ao valor do imóvel.

 

Roberto Palma afirma ainda que todas as fichas cadastrais dos antigos associados foram perdidas ou propositalmente destruídas, fazendo com que a 28 passasse a ser uma “sociedade fantasma”, administrada por pessoas cujas identidades ele desconhece. “Não sabemos para as mãos de quem a Sociedade será repassada e muito menos qual de fato será o destino do prédio. Por isto venho me posicionar como cidadão indignado contra este atentado a um patrimônio do juazeirense”, desabafa o ex-associado.

 

Por hora, o leilão está previsto para acontecer às 8h30, no Hotel Novo Leste, Praça Lauro de Freitas, nº 44, no centro de  Senhor do Bonfim. O chefe de gabinete da 1ª Vara esclarece que o processo de leilão pode ser suspenso a qualquer momento, desde que as dívidas trabalhistas da requerente Maria Margarete Carvalho sejam quitadas por completo.

 

 Diário da Região

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