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Sexta-feira 13: dia de sorte ou azar?

*Alexandre Acioli

O ano de 2023 terá duas sextas-feiras, dia 13. A primeira delas é hoje, 13 de janeiro. A outra será em outubro. A maioria da população não acredita que a data represente um “dia de azar”. Mas existem milhões de pessoas em todo o mundo que têm a certeza de que este não é um bom dia e certamente o azar está no comando.

Estes supersticiosos são os parascavedecatriafóbicos ou frigatriscaidecafóbicos – que têm medo específico das sextas-feiras 13. E nem adianta alguém querer convencê-los de que tudo não passa de uma fantasia, uma lenda ou uma superstição alimentada ao longo de séculos. Para eles, a chance de alguma coisa dar errado no dia de hoje beira os 99,9%.

A má fama dessa data, ou apenas o temor do número 13 (triscaidecofobia) é desconhecida, mas se apresentam muitas versões e crendices para justificar esse medo. No século VII a.C, Hesíodo registrou no seu livro Os trabalhos e os dias a recomendação de não se plantar no 13º dia. No capítulo 13 do Livro de Apocalipse, o autor descreve a besta, com “sete cabeças e dez chifres”, que será responsável pelo fim dos tempos. Na numerologia, o 13 é tido como um número irregular, sinal de infortúnios. No tarô, a carta 13 representa a morte.

Os cristãos primitivos se apegavam a pelo menos quatro passagens bíblicas para condenar a data: 1) Foi num dia como o de hoje, no início dos tempos, lá no Paraíso, que Eva teria oferecido a maçã a Adão. O resto e o final da estória todo mundo já sabe; 2) Foi também numa sexta-feira (embora não haja tal registro no Livro de Gênesis) que teve início o grande dilúvio; 3) Nesse mesmo dia da semana, Abel teria sido morto por Caim; e 4) O registro de que na última Ceia de Jesus haviam 13 pessoas e a sua crucificação ocorreu numa sexta-feira – dia em que os romanos realizavam as execuções dos condenados.

Muitos outros relatos e fatos tipificam a sexta-feira (ou o 13) como um dia agourento, de medo e azar. Uma lenda nórdica relata um banquete na morada celestial das divindades para 12 convidados. Loki, o espírito do mal, chegou sem ter sido convidado e promoveu uma briga, causando a morte de Balder, o favorito dos deuses. Conclusão: reunir 13 pessoas para jantar é sinal de tragédia.

Há ainda o registro da prisão e execução dos seguidores da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (Cavaleiros Templários), acusados de heresia, na sexta-feira, 13 de outubro de 1307, na França. Na história do Brasil, uma sexta-feira 13, de 1968, foi a data, em que o governo militar decretou o AI-5, de tristes lembranças, como a suspensão dos direitos e garantias políticas da população.

Mas, esqueça tudo isso! Na era da automação, da inteligência artificial, das tecnologias multi-cloud e de outras que se tornaram extensão do cérebro humano, não dá para continuar levando a sério essa história de “dia de azar”. Deixe de lado aquela história de acordar e descer da cama com o pé direito, ou de não usar roupas pretas na sexta-feira 13, não passar embaixo de escadas, ou evitar olhar no espelho.

As desgraças atribuídas a esta data são meras coincidências. É preferível levar em consideração a afirmação dos místicos, de que este número está associado à evolução do ser. Segundo a numerologia, o 13 (apesar de número irregular) é de mudança e representa o fim de um ciclo e o começo de outro. Já a astrologia diz que este dia está sob a regência de Vênus, o planeta da harmonia, do amor, do entretenimento e da beleza.

Então, se você conseguiu ler todo esse texto, que tal consultar, agora, o horóscopo para esta sexta-feira 13? Aposto que as previsões são de coisas muito boas.

*Alexandre Acioli
Jornalista, produtor cultural e pesquisador de folkcomunicação

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