Natura Musical apresenta Mostra Pankararu de Música em Pernambuco

Programação promove imersão na cultura indígena e intercâmbio artístico

Artistas e público ao redor de uma fogueira para celebrar o intercâmbio entre artes indígenas e não indígenas, dentro do território Pankararu, no município de Jatobá, Pernambuco. Esse é o clima da Mostra Pankararu de Música (Natura Musical), edição 2022, que acontece de hoje a 10 de setembro na aldeia Bem Querer de Cima.

 

A programação intensa de experiências culturais vai ser aberta com uma imersão na cultura indígena, mas conta com atividades diversas que contemplam arte, debate e convivência com o ambiente da Caatinga. Esta é a terceira edição do evento que, pelo segundo ano consecutivo, conta com o patrocínio da Natura Musical.

 

Com o tema “Encontro dos Povos da Cachoeira”, a Mostra vai reunir seis povos da região submédia do rio São Francisco: além dos Pankararu, também vão contar suas histórias os povos Katokinn, Jeripankó, Tuxá, Pankararu Opará, Pankaiwká e Pankararé. Estes povos tinham a cachoeira como ponto de encontro e intercâmbio, local que desapareceu devido à construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga, em Jatobá. Na Mostra, eles vão reviver a experiência de troca e compartilhamento.

 

A Mostra Pankararu de Música foi selecionada pelo programa Natura Musical, através do Edital 2021, ao lado de nomes como Jup do Bairro, Kaê Guajajara e Elisa Maia.

Ao longo de 17 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 150 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.

 

História e identidade

A Mostra Pankararu de Música nasceu como um caminho possível para fortalecer a identidade do povo Pankararu e restabelecer a cultura do diálogo. Uma vez que o território foi demarcado em 2018, depois de quase 80 anos de luta, o desafio era recuperar as memórias ancestrais e discutir os problemas da comunidade à luz da arte.

 

O projeto é fruto da inquietação do músico Gean Ramos Pankararu, que conta que a ideia “foi passando de sonho a incômodo”, mas contaminou a comunidade e se tornou realidade em 2020.

Segundo ele, a ideia é apresentar o povo Pankararu através da sua diversidade artística, com sugestões de outras perspectivas para bem viver o coletivo.

 

Obra coletiva

Entendendo que a arte sensibiliza e informa, a comunidade reuniu muita gente solidária ao projeto. Sem patrocínio, mas com apoio apenas do Sesc Pernambuco (Unidade Petrolina), a primeira edição aconteceu por força da capacidade de mobilização de artistas parceiros e do próprio povo, que preparou toda a estrutura através de mutirões.

 

Gean destaca que a mostra é uma iniciativa coletiva. “Não escolhemos o que fazer, fazemos o que tem que ser feito: artista carrega caixa, técnicos rastelam o chão, doutores ajudam na cozinha… discordamos e chegamos a consensos”, garante.

 

Esse clima está em sintonia com a proposta da Natura Musical, que passou a apoiar o evento em 2021. “O futuro que queremos construir é coletivo. Ele passa por momentos de tensão, mas, com a música, somos capazes de chegar a um lugar comum, respeitando a diversidade. Os artistas, bandas e projetos de fomento à cena selecionados por Natura Musical trazem a mensagem de que o futuro pode ser mais bonito com a música e com o envolvimento de cada um de nós”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

 

Registro da história

Em 2021 a ideia se renovou e, por conta da pandemia, o evento aconteceu online, já com apoio da Natura Musical e a produção do filme “O Canto Pankararu”. Sete cantadores e cantadeiras narram suas histórias, que são também uma amostra dos processos de produção da música na aldeia.

 

Estrutura

O evento vai ter como principal ponto de apoio o Espaço Aió Juremeira, mas a estrutura para receber artistas e público vai contar com uma área de convivência que favorece a interação com a natureza. Foram construídos uma cozinha tradicional e banheiros secos, além de um espaço novo para o acampamento, entre juremeiras, pinhão, aroeiras e angicos.

 

O palco não vai seguir o modelo tradicional por opção: a ideia é não criar separações, ajudando a promover um ambiente de intercâmbio e contação de histórias.

 

Programação

A experiência de imersão proporcionada pelo encontro e troca de memórias entre os Povos da Cachoeira vai passear também por diversas expressões artísticas. “A música vai além das sonoridades e do texto. Vamos recontar as memórias dos nossos ancestrais que viviam às margens do rio Opará. Quer mais música que isso?’’, provoca Gean.

 

Por isso, a programação contempla, além dos shows, uma mostra de cinema indígena, rodas de conversas, danças de diversas identidades, teatro, exposições e feiras de artesanato.

Artistas não indígenas vão dividir espaço com músicos indígenas. As rodas de diálogo contam com a presença de representantes da própria comunidade e de pesquisadores.

A programação também contempla um debate sobre a questão da população LGBTQIA+ indígena e uma caminhada rumo à Pedra do Vento.

 

Alimento da alma

Uma das iniciativas do próprio território e que pretende incentivar a economia criativa na região é o Alguidar Comida Afetiva, que vai oferecer alimentação aos participantes do evento, com diária de R$ 60 incluindo as três refeições.

 

Acesso e ingressos

Para quem deseja fazer a imersão completa, a inscrição pode ser feita online, preenchendo o formulário que está disponível no perfil do evento no Instagram (@mostra.pankararu).

O acesso individual custa R$ 300, e há uma modalidade institucional, para universidades e escolas, que custa R$ 240. Grupos de cinco pessoas também têm desconto e o valor dá acesso não apenas à programação, mas também ao acampamento.

Para conferir apenas os shows, o ingresso avulso custa R$ 20. O povo Pankararu tem acesso gratuito a toda a programação.

 

Sobre Natura Musical 

Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 184 milhões no patrocínio de mais de 560 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento às cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2021, o edital do Natura Musical selecionou 33 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 280 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de shows, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos.

 

Programação

Abertura Oficial da Mostra com imersão na cultura Indígena

  • Canto coletivo crianças do Bem Querer, Côco das Antigas Pankararu, Côco Tebei, Buzzo Pankararu

 

Roda de Fogueira: Qual é a sua chama?

  • Gean Ramos Pankararu, Almério, Juliano Holanda

 

Povos da Cachoeira: Na correnteza das memórias

  • Compartilhamento das histórias da Cachoeira

Com os Povos da Cachoeira

  • Roda de conversa com a comunidade indígena

 

O que pensam sobre nós?

  • Compartilhamento de pesquisas acadêmicas e artísticas

Com José Maurício Arruti (UNICAMP),  Professora Edvânia (IFSertãoPE) e Jailson Lima (SESC Petrolina)

 

Cineclube Rabo de tatu

  • Dois curtas metragens: Otto, Deus te dê boa sorte

 

E mais…

Espetáculo Aterrágua Cia de Dança Sesc Petrolina

Reisado Pankararu

Luanda Ruanda

Subida para a Pedra do Vento

Cosmovisão ambiental Pankararu com Eronides Ramos

Roda de conversa LGBTQIA+ indígena: Resistência redobrada

Performance FYKYA Pankararu

Onde ele anda é outro céu – André Vitor Brandão

Anderson Cleomar, Edivan Fulni-ô, Genivaldo Ramos, Marcelo Jeneci e Jéssica Caetano

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