SIM OU NÃO: DILMA DEVE DEMITIR ALIADOS DE CAMPOS?

Roberto Stuckert Filho: Brasília - DF, 13/05/2011. Presidenta Dilma Rousseff recebe Eduardo Campos Governador de Pernambuco e o Ministro da Integração Nacional Fernado Bezerrra. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.

247 – O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ainda não cruzou a linha que separa aliados de adversários. Oficialmente, não é candidato a presidente da República e diz que 2013 não é o momento de tratar de 2014. Mas ao prometer a empresários que é possível fazer “muito mais” do que a presidente Dilma Rousseff, ele praticamente já se colocou no páreo – num movimento que dificilmente terá recuo.

Por isso mesmo, é crescente no PT a avaliação de que a presidente Dilma deveria reagir imediatamente. “Se ele é candidato, já é nosso adversário”, disse ao 247 o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, que é uma das lideranças mais próximas ao ex-presidente Lula. André Singer, ex-porta-voz de Lula, também afirmou, em artigo, que Dilma só terá a lealdade de Campos “se e quando não for mais necessário” (leia mais em Singer bate pesado e quer PSB fora do governo).

Por isso mesmo, depois de uma reforma ministerial extremamente tímida, que acomodou apenas o PMDB mineiro e uma ala do PDT, deixando de lado potenciais aliados como o PSD e o PR, a presidente Dilma tem sido pressionada por setores do PT a romper desde já com Eduardo Campos, abrindo novos espaços na administração federal. Hoje, o PSB comanda dois ministérios: a Integração Nacional, com Fernando Bezerra, e a secretaria dos Portos, com Leônidas Cristino – que, curiosamente, se posiciona contra a Medida Provisória que abre o setor portuário a investidores privados.

Mas mais importante do que tudo isso é o comando da poderosa Chesf, principal empresa do sistema Eletrobrás, que está também nas mãos do PSB – o que levou o deputado Carlos Zaratini (PT/SP) a dizer que “Eduardo faz campanha para presidente com dinheiro da Dilma”.

No Palácio do Planalto, o discurso oficial é que Dilma não fará nada que possa ser interpretado como uma eventual vitimização de Campos. Além disso, ela pretende manter a porta sempre aberta ao “aliado”. Ou seja: o PSB mantém seus ministros e seus cargos na administração federal.

É uma postura diferente da que foi adotada pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, quando o senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), aliado de Campos, sinalizou que concorreria ao governo do Distrito Federal em 2014, rompendo a aliança com o PT, que o elegeu em 2010. Imediatamente, Agnelo se reuniu com o PSB e exigiu a devolução de todos os cargos – o que fez com que alguns secretários rompessem não com o GDF, mas com o partido.

Dilma pode estar certa em sua escolha, mas, a cada dia, crescerá a pressão para que ela demita indicados pelo PSB.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *