*Adeilton Junior
Há algum tempo, a população juazeirense foi surpreendida por uma placa, colocada pela Justiça Federal na orla nova de Juazeiro – BA, informando que os antigos galpões da extinta Companhia de Navegação do São Francisco – FRANAVE sediariam as novas instalações do órgão na cidade.
No entanto, a Prefeitura Municipal, desde a última gestão do ex- prefeito Misael Aguilar, já havia elaborado um projeto, no qual os prédios abrigariam um complexo gastronômico, projeto esse que foi abraçado e reelaborado pela atual gestão do Prefeito Isaac Carvalho.
O Procurador Geral do Município, Carlos Luciano de Brito Santana, defendeu que o Município é o detentor do imóvel e que não há possibilidade que seja instalada a sede da Justiça Federal no local. “Ali não pode servir como sede da Justiça Federal porque vai de encontro a todo o trabalho de ordenamento urbano do município”, esclareceu.
O procurador afirmou ainda que o Município ira destinar uma área de aproximadamente 6.565 m2, situada próximo a sede do Ibama, para a criação do centro administrativo de Juazeiro, que alojará vários órgãos Federais e Municipais. “Essa área contemplará espaço para o Tribunal Regional Federal, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Polícia Federal e os demais prédios e instituições do município”, expôs o Procurador.
A razão mais aparente que justifica o interesse da Justiça Federal nos galpões é que a mesma não possui sede própria na cidade. Funciona em um prédio que pertence ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, localizado no bairro João XXIII em Juazeiro. No entanto, quando procurados para falar sobre o impasse, a diretoria da Justiça Federal não quis se pronunciar.
Logo após a instalação da placa, a população começou a repercutir o assunto em blogs locais, concordando ou descordando da ocupação da Justiça Federal. Para o engenheiro agrônomo, Jucinei Martins, em artigo publicado em blogs da região, o prédio poderia ser mais bem aproveitado. “A Justiça Federal encherá aquele prédio de vidraças, ar condicionados aparecendo nas paredes por todos os lados e tudo mais que se espera encontrar na arquitetura moderna. E isso tudo que acontece em Juazeiro é uma lástima!”, afirmou.
Já para a estudante Anete Silva (40), a Justiça Federal daria ao menos alguma serventia ao Casarão. “Pelo menos o prédio não ficará mais abandonado. A prefeitura teve muito tempo pra tomar alguma atitude, mas nunca tomou”, comentou.
A única certeza que se tem é que hoje, os prédios estão em total abandono e servem como abrigos para moradores de rua. Segundo a catadora, Célia Maria Silva, aproximadamente 10 pessoas utilizam o casarão como abrigo. “Nós moramos aqui desde algum tempo, desde o ano passado eu acho, aqui é o único lugar que a gente tem para se proteger, se vier alguma mudança pra cá pra onde a gente vai? O prefeito bem que poderia incluir a gente no minha casa minha vida ”, expôs.
O governo do Estado está intermediando as negociações entre a Prefeitura Municipal e a União.
* Adeilton Júnior é estudante do curso de Jornalismo da UNEB/Juazeiro e colaborador do blog
