Mídia dos EUA destaca ligação de Eduardo Bolsonaro com indústria bélica “enquanto seu pai inunda o Brasil com armas de fogo”

 247 – Segundo publicação estadunidense, Eduardo Bolsonaro se articulou – e ainda articula – com a indústria de armas dos EUA para eleger seu pai, Jair Bolsonaro, e fazer do Brasil um país armado para favorecer empresas do ramo

O site de notícias Seeing Red, de Nebraska, nos Estados Unidos, estampa em sua capa nesta quarta-feira (15) uma detalhada reportagem que mostra a ligação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) com a indústria de armas norte-americana.

A publicação mostra como o parlamentar se aliou à extrema direita internacional para derrubar o Estatuto do Desarmamento brasileiro, “enquanto o regime de seu pai [Jair Bolsonaro] inunda o Brasil com armas de fogo importadas”.

“Eduardo Bolsonaro foi apresentado à extrema direita americana e ao NRA [Associação Nacional de Rifles] no início de 2016 por dois brasileiros: Royce Gracie, ex-lutador do UFC e atual promotor da indústria de armas americana, e Tony Eduardo, funcionário da 88 Tactical Omaha e dono do clube de tiro .38, no Sul do Brasil”, diz o texto. O clube de tiro .38, como mostrou o jornalista Joaquim de Carvalho, está envolvido na trama da suposta facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. “Tanto Royce Gracie quanto Tony Eduardo se juntaram a Eduardo Bolsonaro para apoiar a campanha presidencial de seu pai Jair Bolsonaro em 2018 porque queriam aniquilar a legislação brasileira de controle de armas chamada ‘Estatuto do Desarmamento’ para facilitar a exportação de armas para o Brasil. O estatuto foi sancionado pelo ex-presidente Lula da Silva em 2003”..

Em 2017, Eduardo Bolsonaro conhece o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e, provavelmente por ele, é apresentado a Steve Bannon, tabém ligado ao NRA. “O NRA não está apenas alinhado com a direita americana – também fornece apoio a grupos pró-armas estrangeiros e partidos de extrema direita. Eles fornecem aconselhamento jurídico, estratégias de comunicação e contatos com empresas dispostas a investir milhões nesses grupos e partes. Em 2003, um lobista da NRA chamado Charles Cunningham viajou ao Brasil para apoiar grupos pró-armas e discutir estratégias de comunicação antes do referendo sobre o controle de armas acontecer. O lobista viajou ao Brasil a convite da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Um dos membros mais importantes da sociedade, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, tornou-se um dos ícones da torcida de Jair Bolsonaro”.

O site mostra que o NRA se articulou da mesma maneira que no Brasil também na Austrália, onde, junto com um partido local de extrema direita, o One Nation, e as Indústrias Koch, tentaram ganhar o parlamento para facilitar o comércio de armas naquele país. O jornal, então, traça um paralelo com o que ocorreu no Brasil em 2018. “A campanha de Jair Bolsonaro foi definida pela disseminação massiva de fake news, especialmente via WhatsApp, que foi financiado por mais de 150 empresários contra seu rival do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad. As denúncias foram publicadas em reportagem de primeira página da Folha de São Paulo, um dos principais jornais do país. Ainda não está claro se a campanha do Bolsonaro recebeu fundos de apoiadores estrangeiros”.

“Jair Bolsonaro foi eleito em outubro de 2018 e iniciou seu mandato em 1º de janeiro de 2019. Após apenas duas semanas, no dia 15 de janeiro, ele assinou seu primeiro decreto para alterar o Estatuto do Desarmamento de 2003 para facilitar o acesso de civis às armas. Até o segundo mês de 2021, Jair Bolsonaro assinou 14 decretos além de outras 14 resoluções ministeriais para facilitar o acesso e a venda de armas e munições”, completa o texto.

Além disso, o jornal destaca a liberação de agrotóxicos por parte de Bolsonaro, sendo que as Indústrias Koch são “uma das maiores produtoras mundiais de fertilizantes”. “Uma investigação mais aprofundada é necessária para descobrir quanto as Indústrias Koch poderiam ter lucrado com as mudanças na legislação brasileira. Consequentemente, acreditamos que as Indústrias Koch estariam muito inclinadas a se reunir com os Bolsonaros para discutir o financiamento para a campanha presidencial de 2018, como fizeram com o partido de extrema direita australiano no mesmo período”.

“Por fim, para quem considera o esfaqueamento de Jair Bolsonaro uma trama desenhada por Steve Bannon, na véspera do esfaqueamento, 5 de setembro de 2018, Royce Gracie esteve no Brasil no clube de tiro de Tony Eduardo Clube de Tiro .38 discutindo como mudar o 2003 Estatuto do Desarmamento com a ativista pró-armas Bene Barbosa. No mesmo dia, Eduardo Bolsonaro enviou mensagem ao NRA em seu Instagram”, conclui o texto.

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