Regina Casé e Zeca Pagodinho passaram a tarde e a noite do último domingo (26/9) embalando saquinhos de doces para distribui-los para crianças, nesta segunda-feira (27/9), em celebração ao Dia de São Cosme e Damião. “Hoje é um dia sagrado para o Zeca Pagodinho, que é um grande devoto desses santinhos que são símbolo de alegria, proteção e saúde — e, claro, muitas guloseimas”, publicou o perfil de Zeca Pagodinho nesta segunda-feira.

A atriz Regina Casé, que já realizou a distribuição dos doces ao lado de Zeca em outros anos, conta que a tradição “mantém a fé e a cultura do nosso Rio de Janeiro”. “Hoje vai ser diferente, com todos os cuidados e só pela frestinha do vidro, mas mesmo assim tô indo pra rua com o carro cheio de saquinhos!!”, escreveu a artista, em post no Instagram.

Entenda tradição

A Igreja Católica comemora, no dia 26 de setembro, São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos e médicos caridosos, que costumavam ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. Tornaram-se santos exatamente por isso, por exercer a medicina sem cobrar de seus pacientes.

As religiões afro-brasileiras comemoram a data no dia 27 de setembro, e as figuras de Cosme e Damião são sincretizadas com entidades infantis. Vem daí a associação com os doces. Os umbandistas celebram, nesse dia, a Beijada (a falange das crianças), e muitos candomblecistas festejam, também nesse dia, Ibéjì (os gêmeos africanos).

A festa de São Cosme e São Damião é Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Rio de Janeiro. O antropólogo Lucas Bártolo estuda a devoção aos santos desde 2013. Em entrevista ao GLOBO, ele lembrou que a tradição de dar doces às crianças é uma característica do Rio de Janeiro que remonta à expansão de religiões afro no início do século XX:

— Na tradição baiana, por exemplo, o protagonismo está na oferta do caruru (prato com camarão e quiabo). No Rio, os doces assumem o papel central muito por conta da umbanda, que tem as entidades infantis associadas a São Cosme e São Damião — diz Bártolo, que explica a presença dos doces tradicionais nos saquinhos. — São quitutes que remetem ao tabuleiro da baiana, como cocada e pé de moleque, e gelatinosos, como maria-mole e jujuba, que surgem nos anos 1930 com a indústria da gelatina e são incorporados.