Segundo O GLOBO, FBC tem atuação apagada na cpi, pensa em desistir de reeleição ao senado e ser candidato a deputado federal

Minoria na CPI da Covid, governistas têm atuação apagada na defesa de Bolsonaro

André de Souza e Julia Lindner/OGLOBO
Suplentes e até o filho do presidente entraram em ação em defesa do governo, diante de desalinhamento da tropa de choque do Planalto
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), entrou como suplente e começou atuante. Mas logo sumiu. Em três das quatro últimas sessões, pouco ou nada falou. Segundo aliados, Bezerra recuou na defesa de Bolsonaro depois que o ex-presidente Lula apareceu na liderança de pesquisas eleitorais em Pernambuco. Passou a cogitar até mesmo desistir da reeleição no Senado e tentar uma vaga de deputado federal.
Ciro Nogueira (PP-PI): de aguerrido a contido nas sessões, líder do centrão mudou de postura na CPI da Covid Foto: Jeferson Rudy / Agência Senado
Ciro Nogueira (PP-PI): de aguerrido a contido nas sessões, líder do centrão mudou de postura na CPI da Covid Foto: Jeferson Rudy / Agência Senado
BRASÍLIA – Minoria na CPI da Covid, com apenas quatro dos 11 senadores titulares, a tropa de choque do governo enfrenta dificuldades para apresentar coesão nos embates com oposicionistas. Dois vêm tendo atuação bastante apagada, dentre eles o presidente do principal partido do centrão. Outro faz questão de dizer que não é governista e até critica o presidente Jair Bolsonaro em algumas ocasiões.
No vácuo deixado pelos titulares, os suplentes chamaram para si a responsabilidade de sair em socorro do governo. Em outros momentos, nem isso foi suficiente, e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que não é titular nem suplente, teve que ir à CPI defender a gestão do pai, o presidente Jair Bolsonaro.

O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), um dos principais líderes do centrão e apoiador de Bolsonaro, participou ativamente nas três primeiras semanas da CPI e chegou a ter embates com o relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), com quem tem uma boa relação. Na sessão do dia 13 de maio, no depoimento do executivo da Pfizer Carlos Murillo, Ciro atacou o colega:

— Entregue a relatoria e vá para o palanque! — disse.

— Esse não é o Ciro que eu conheço — respondeu Renan.

Mas tudo mudou a partir do depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, quando o Ciro aguerrido deu lugar a outro, mais silencioso. A aliados, confidenciou que não estava disposto a se expor para defender o ex-chanceler. No dia seguinte, quando o depoente era o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Ciro pouco falou. Nas seis sessões seguintes, o cenário se repetiu: não abria a boca ou quase nada dizia.

Outro governista apagado é Jorginho Mello (PL-SC). Passou cinco sessões calado. Por isso, durante a reunião de 25 de maio, pediu mais tempo para concluir um discurso e brincou que estava com crédito por falar pouco.

— Presidente, mas eu tenho economizado tempo, então me dê mais um pouquinho, por favor — disse.

Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE), os outros dois senadores alinhados ao Planalto que são titulares da CPI, foram mais ativos na defesa do governo. Girão, entretanto, rejeita ser chamado de governista — ele diz ser independente — e até fez algumas críticas a Bolsonaro, reclamando que o presidente tem provocado aglomerações e promovido um remédio sem eficácia.