Bolsonaro diz faltar acusação com ‘substância’ contra ministro do Turismo

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 2, que ainda não há “acusação grave” contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e que continua com a mesma formação nos ministérios. O ministro está envolvido na suspeita de candidaturas de laranjas do PSL nas eleições de 2018.

A Polícia Federal indiciou hoje dois assessores e o ex-assessor do ministro que haviam sido presos durante a operação Sufrágio Ostentação. Também foram indiciadas quatro candidatas a deputada estadual e federal suspeitas de terem sido usadas como laranjas pelo PSL de Minas Gerais.

“Por enquanto, tenho 22 ministros, sem problema. Tem de ter acusação grave, acusação com substância. Por enquanto, não tem nada contra ele. Se o assessor falar e for confirmado que ele tem participação, aí a gente toma providência”, disse o presidente.

Apesar da decisão de Bolsonaro, a maior parte do núcleo militar defende que o presidente demita imediatamente o ministro, evitando que a sua permanência desgaste ainda mais a imagem do governo.

Desde que o caso das candidaturas laranjas do PSL veio à tona, Bolsonaro tem dito que aguarda a investigação para tomar alguma medida. A repercussão do episódio resultou na saída de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência no início do ano.

O então ministro, que comandou o PSL em 2018, disse na ocasião que as revelações não haviam resultado em uma crise dele com Bolsonaro, mas acabou sendo desmentido publicamente pelo vereador Carlos Bolsonaro. O presidente ficou ao lado do filho e demitiu o ministro.

A polícia também investiga esquema de laranjas no PSL de Pernambuco, estado do presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar. Candidatos com votações pífias receberam ao menos R$ 15 milhões em dinheiro público dos fundos partidário e eleitoral.

Na eleição do ano passado, Marcelo Álvaro Antônio, reeleito sendo o deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de candidaturas de fachada no estado que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara. ​

Após indicação do PSL de Minas, presidido à época pelo próprio Álvaro Antônio, o comando nacional do partido de Bolsonaro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas que também tiveram desempenho insignificante nas eleições. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres candidatas. Juntas, elas receberam pouco mais de 2.000 votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.

Dos R$ 279 mil repassados pelo PSL, ao menos R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro.

(Com informações da Folhapress)