DESAFIO DA POLÍCIA CONTRA O NOVO CANGAÇO NO NORDESTE É EVITAR MORTE DE REFÉNS

Agência Brasil

O Nordeste vive uma escalada de confrontos entre as polícias estaduais e os assaltantes de bancos. Ao mesmo tempo em que cidades – geralmente do interior – são alvos de ataques de quadrilhas organizadas e fortemente armadas, a inteligência das forças de segurança tenta se antecipar às ações e liquidar os grupos do denominado “Novo Cangaço”.

A estratégia policial de atirar para matar vem dando resultados geralmente comemorados pelos secretários de defesa social da região. De abril a dezembro, em oito confrontos levantados pelo portal OP9, 41 assaltantes foram mortos antes, durante e após explosões de bancos e saques a carros-fortes em cinco estados.

O número não leva em conta os seis bandidos mortos na madrugada desta sexta-feira (7) em Milagres, no Ceará. A ocorrência de seis óbitos de reféns – cinco da mesma família – apresenta mais um desafio nesta guerra. Como evitar estes “danos colaterais” (termo frequentemente utilizado nos meios militares para definir a destruição de alvos civis)?

O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, André Costa, informou que dois bandidos detidos em Milagres disseram que partiram deles os disparos que causaram a morte do empresário João Batista Magalhães, 46, que tinha ido buscar familiares que desembarcaram no aeroporto de Juazeiro do Norte vindos de São Paulo. Além de Magalhães, morreram o filho dele, Vinicius, 14, a cunhada, o marido dela e o filho do casal, de 10 anos. Um morador de Brejo Santo, rendido na estrada, foi o sexto refém morto.

“É uma informação preliminar que ainda vamos investigar. O momento é de sermos responsáveis, não fazermos prejulgamento e aguardarmos a conclusão das apurações”, acrescentou Costa. Identificar agora a presença de reféns entre os assaltantes de bancos vai exigir ainda mais monitoramento dos grupos criminosos.

Integração das forças de segurança

O secretário cearense destacou a importância da integração entre as forças de segurança dos estados do Nordeste. “Há quadrilhas que atuam em vários estados, principalmente da região Nordeste. O que aconteceu hoje reforça a necessidade da instalação de um centro regional de inteligência para termos informações em tempo real, fornecidas pelos serviços de inteligência dos nove estados.”

Em alguns confrontos, os assaltantes foram mortos em estados diferentes das investidas a bancos e carros-fortes. Foi o que aconteceu no dia 8 de novembro, quando dois homens morreram em Lagoa Grande (PE) suspeitos de explodir agência bancária em Pindobaçu (BA). No mesmo dia, em Santana do Ipanema (AL), 11 bandidos foram mortos um dia depois de terem atacado o Bradesco de Águas Belas (PE).

De acordo com André Costa, equipes especializadas da Polícia Militar (PM) cearense já estavam realizando diligências na região, justamente para tentar identificar e prender assaltantes a bancos que atuam no estado. Daí a ação rápida contra os criminosos em Milagres.