MAR DE CONTRADIÇÕES, VALÉRIO PODE SE SAFAR

247 – Marcos Valério é hoje a última esperança dos adversários políticos do ex-presidente Lula, ainda que suas versões nem sempre sejam idênticas e nem mesmo possam ser comprovadas. Como se sabe, em 19 de setembro, Veja atribuiu a Valério uma suposta entrevista sem áudio, contendo acusações graves contra o ex-presidente Lula. Nesta semana, repetiu a fórmula, envolvendo Lula e seu braço direito no assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Segundo a reportagem, Valério foi convocado por Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, a encontrar recursos para cessar as chantagens que estariam sendo feitas por Ronan Maria Pinto, empresário de ônibus de Santo André, contra Lula e Gilberto Carvalho. E teria respondido: “Nisso aí, eu não me meto não”.

A versão que hoje estampa a manchete do jornal Estado de S. Paulo, no entanto, é diferente. De acordo com pessoas que teriam tido acesso ao depoimento secreto prestado por Marcos Valério ao procurador-geral Roberto Gurgel, o esquema operado por Marcos Valério teria, sim, repassado recursos para calar o suposto empresário que chantageava Lula e Gilberto Carvalho.

Esta é uma das contradições de Valério e pode ser uma estratégia para que ele obtenha o benefício do Sistema Nacional de Proteção a Testemunhas. Como teria informações sobre um crime bárbaro ainda não esclarecido, o operador do chamado mensalão obteria a vantagem. Não seria preso, poderia até mudar de nome e viveria sob a proteção do Estado.

Enquanto o Estado de S. Paulo informa que Valério repassou recursos a Santo André, a Folha estampa em sua manchete que ministros do Supremo Tribunal Federal consideram a hipótese de conceder a ele a proteção desejada. Um dos ministros ouvidos foi Marco Aurélio Mello. “Depois da porta arrombada, não adianta mais colocar o cadeado”, afirmou. Marco Aurélio defende que Valério “desembuche” logo, contando tudo o que sabe.

Essa operação atende aos anseios de parte da mídia, que trocaria Marcos Valério por Lula, como argumentou Eduardo Guimarães em seu artigo “Lula, Valério, Cristo e Barrabás”.

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