A filmagem foi divulgada nesta sexta-feira (29) pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público do Amapá (Nimp), que investigou o caso com base na alegação de três testemunhas que afirmaram ter visto o deputado sair do carro acidentado e fugir em seguida do local.

A defesa do deputado negou à época as acusações apontando que era a esposa do parlamentar quem conduzia o carro da família, e que Moisés estava em casa, que fica próxima ao trecho. Após a divulgação das imagens pelo MP, os advogados do deputado ainda não se pronunciaram.

A filmagem mostra o deputado chegando em casa às 20h37, horário próximo ao registrado pela polícia do acidente. Ele sai de uma viatura do policiamento escolar do 1º Batalhão da PM, que cobre a Zona Sul, e entra rapidamente cumprimentando o único policial que estava nela.

Para a promotora de Justiça Andrea Guedes, que integra o Núcleo de Inteligência, “não há dúvidas” de que Moisés conduzia o carro e descumpriu a prisão domiciliar. Alem disso, o MP pretende responsabilizar a esposa do deputado por falso testemunho.

“Ouvimos todos os três PMs que estavam nessa viatura e eles confirmaram a mesma história, que estavam no local por conta do acidente. Verificaram o caso, pararam e receberam a informação de que seria o deputado Moisés. O condutor da viatura foi dar uma volta pelas imediações e encontrou ele caminhando pela rodovia JK. Ao parar, o deputado pediu carona para ir até o condomínio. O militar entrou em contato com o oficial de área dele e foi autorizado a levar ele [Moisés] até o condomínio. Entrou no carro e foi deixado em frente de casa”, explicou.

O comando da PM se pronunciou através de nota e disse que está trabalhando junto com o Ministério Público para o esclarecimento do caso. Completou ainda que os militares envovidos na ocorrência foram ouvidos, e que a corporação está colaborando com todas as informações.

“Se ficar comprovado que houve prática ilícita, os militares serão punidos tanto administrativamente quanto criminalmente. Os policiais militares têm direito à ampla e contraditório como qualquer cidadão comum. Apenas ao final do processo, saber-se-á o resultado”, diz trecho da nota.

O MP aponta ainda que os policiais da viatura disseram em depoimento desconhecer o fato de Moisés Souza, ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alap), estar em regime de prisão domiciliar. Andrea Guedes diz discordar das alegações em função da grande repercussão na mídia da condenação e detenção do político.

“Ninguém persegue ninguém. O MP é defensor da ordem. Se um evento que acontece com um apenado, nós vamos investigar. Ninguém procurou o deputado Moisés, fomos atrás das imagens apenas para apurar esse fato e saber se ele saiu de casa. Nisso nos deparamos com aquela imagem dele chegando em casa no carro da PM dez minutos após o acidente”, completou a promotora.