Neste ano, os candidatos que prestaram a última edição do Enem terão acesso aos espelhos da redação, uma espécie de foto da prova de redação dos postulantes, mais cedo. De acordo com a assessoria de Imprensa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), “o prazo previsto para a liberação dos espelhos é de até 10 de abril”. Além das imagens das provas, também serão disponibilizadas, da mesma forma que vem acontecendo em edições anteriores, as justificativas para as notas dos candidatos nas cinco competências exigidas no exame.

Ou seja, o aluno tem a oportunidade de fazer uma vista pedagógica da redação. E pode, efetivamente, saber qual foi o resultado em cada uma das competências avaliadas e comparar seu desempenho com o dos demais. Na edição passada, os espelhos só foram liberados em 13 de junho, totalizando três meses de atraso. A demora em disponibilizar o acesso às provas contrariou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público Federal, no qual, desde 2012, o Governo Federal se compromete a divulgar os espelhos até 60 dias após a divulgação das notas, que ocorreu em 18 de janeiro.

Para Zaine Costa, 23 anos e estudante, a liberação do espelho é essencial para a melhora do desempenho. “É de grande valia. Nos ajuda a entender a pontuação junto com a justificativa da nota”. Ainda segundo ela, com “esse recurso também na redação, vamos ver os pontos em que estamos indo bem e os que precisam ser melhorados. E agir em cima de cada necessidade e mandar bem da próxima vez”.

Redução – A queda no número de redações nota mil vem sendo constatada ano a ano. De acordo com dados do Ministério da Educação, apenas 77 candidatos obtiveram nota máxima nas redações, equivale a 0,001% dos que fizeram a prova. Em 2015, as foram 104 redações com nota mil representaram 0,002% do total de participantes do exame. Em 2014, foram 250 candidatos com nota mil, equivalentes a 0,004% dos participantes da prova. Em 2013, o número foi ainda maior: 481 candidatos obtiveram nota mil na redação, ou 0,009% do total.

Disputa Judicial – A divulgação do espelho da redação já foi alvo de disputa no judiciário, em novembro do ano passado MPF entrou na Justiça contra o Inep para alterar a data de liberação. De acordo com a procuradoria, o objetivo da ação seria permitir aos candidatos, em tempo hábil, recorrer à justiça, caso não concordassem com a nota.

Também no ano passado, o Inep alegou que o próprio processo seletivo já prevê expedientes para evitar discrepâncias. A justificativa, no entanto, não foi aceita pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que deu ganho de causa ao MPF. O Inep, porém, recorreu, e a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu em favor do Governo Federal.