“ACABOU O REINADO DE MARCELO NILO NA ASSEMBLEIA DA BAHIA”

Foto: Jefferson Peixoto / Ag Haack / Bahia Notícias
O agora ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcelo Nilo (PSL), optou por um discurso de despedida que exaltasse seus feitos durante os 10 anos no comando da Casa, mas também não deixou de provocar aqueles que tinham lhe garantido apoio, e depois acabaram migrando para o lado de Ângelo Coronel (PSD) na disputa pela presidência. Em um dos momentos mais fortes de sua fala, Nilo afirmou que desistiu da candidatura por não suportar “disputar contra Deus”, em uma clara alusão à declaração do deputado Roberto Carlos (PDT) de que “só Deus” seria capaz de mudar seu voto em Marcelo Nilo, o que contrariava a ordem da sigla de marchar junto a Coronel. Há poucas horas do pleito, o pedetista acabou firmando apoio ao principal adversário de Nilo. “Vários deputados foram pra um almoço, juraram fidelidade. Quantas vezes eu perguntei a um deputado: ‘se você não for ficar comigo, me avise’. Eles se sentiam ofendidos. Há alguns dias, cheguei para um: ‘Dá pra você dar uma entrevista dizendo que continua comigo?’ Se sentiu ofendido. Na manhã da votação, eu tinha 41 votos. Ontem, perdi 9 deputados. Avaliei se deveria continuar. O coração da minha campanha, os mais próximos a mim, me deixaram. Mesmo assim, continuei pensando se continuava vindo para a luta. Mas às 20h36, um deputado que disse que só deixaria de votar em mim por Deus, saiu a foto dele com meu concorrente. Eu enfrentei o vice-governador [João Leão], um senador [Otto Alencar], o prefeito [ACM Neto], um grupo na mídia contra mim. Quando vi esse deputado, eu disse lutar contra eles eu aguento, contra Deus, eu não aguento. Foi quando resolvi desistir”, disse, em um relato emocionado. Ainda durante o discurso, afirmou ter sido perseguido durante três meses e “ofendido na honra”, sem ter retribuído aos ataques. Apesar do revés sofrido, Nilo garante não guardar ressentimentos. Durante o discurso, parabenizou o vitorioso Ângelo Coronel e afirmou também não ter mágoas do novo presidente da Casa. Na cota de agradecimentos, mencionou Rosemberg Pinto (PT), a deputada Fabíola Mansur (PSB), Pastor Sargento Isidório (PDT), Targino Machado (DEM), Samuel Júnior (PSC), Alex Lima (PTN) e o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Nestor Duarte, seu correligionário. Em um discurso voltado durante boa parte do tempo para a oposição, lembrou que, durante seus cinco mandatos consecutivos, buscou dar voz ao contraditório. “Sou o único deputado na Bahia que ficou 16 anos na oposição. Sei como dói ser oposição. Procurei dar força à oposição porque sei o papel da oposição no ambiente democrático. Estou saindo da presidência com a cabeça erguida e o dever cumprido”, declarou. “Volto ao Plenário para defender a Bahia, com meus pensamentos e minhas ideias”, finalizou.

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