Superar as dificuldades enfrentadas pela forte estiagem e engrandecer a cadeia produtiva da caprinovinocultura de Juazeiro foram algumas das metas alcançadas na V edição da Feira de Caprinos e Ovinos do distrito de Massaroca. Evento realizado no último final de semana (15 a 17), na sede do distrito, localizado as margens da BR 407 a 62 km de Juazeiro, e que reuniu cerca de 50 criadores e mais de 350 animais.
“Todos os anos a feira supera expectativas, e nessa edição não está sendo diferente. Ficamos apreensivos durante a organização, achando que o período seco poderia prejudicar o evento, mas graças a todos os envolvidos – instituições, associações, poderes públicos constituídos e principalmente os produtores, estamos tendo êxito esse ano”, informou José Wilson Chaves (Chaveco), organizador do evento.
Os pontos positivos do evento, segundo os organizadores, foram; a qualidade genética e de carcaça para corte dos animais, a confraternização dos produtores; e as alternativas viáveis para alimentação dos rebanhos, com destaque a hidroponia do milho e a amoniação de palhadas – técnicas de fácil acesso e de baixo custo para os produtores. De acordo com o Sérgio Carlos de Almeida, Técnico em Desenvolvimento Rural da EBDA, a alimentação dos animais tem que ser garantida durante todo o ano, “e para que isso ocorra é preciso ter equilíbrio; saber o que dispomos para fazer o melhor uso com o menor custo. Uma das melhores alternativas é a palma, espécie encontrada com facilidade em nossa região e que possui um valor protéico considerável; além da leucena, guandu forrageiro e gliricídia.sepium. Essa é a oportunidade de informar aos produtores, através de cursos práticos, como utilizar todas as espécies aqui encontradas e conviver harmonicamente com o semiárido”, observou.
Para o produtor de Massaroca, Erlange Madalena o melhoramento genético, oferecido através de cursos, desde a primeira edição do evento é o que tem contribuído para o desenvolvimento da região. “Todo animal precisa ser melhorado geneticamente, proporcionando qualidade a carcaça, e maior peso na hora da venda. A feira tem proporcionado à mistura de raças, o melhoramento do bode e do carneiro da região. Acredito que nesta edição chegarei a comercializar R$ 7 mil, pois estou otimista e muito confiante” destacou.
Durante o evento a Univasf realizou a palestra prática sobre ordenha higiênica, que consiste na obtenção de um produto (leite) de qualidade e de sabor mais refinado; expôs peças do museu itinerante de anatomia animal; e palestras sobre alternativas de alimentação, e de conservação de forragem para utilização na época da seca. “Na época chuvosa temos a forragem em abundância, e como prevenção, nós a conservamos até a época seca, tempo que a caatinga sozinha não consegue fornecer ao animal a alimentação adequada”, informou o professor da Univasf, Daniel Ribeiro.
A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB, como em todas as edições, ficou responsável pela fiscalização sanitária dos animais, cobrando os exames inerentes de cada espécie; já a Secretaria de Saúde (SESAU) desenvolveu serviços como tipagem sanguínea, aferição de pressão, testes de glicemia, além da vacinação contra a poliomielite, campanha destinada às crianças menores de 5 anos.
Segundo o criador Fabrício Nascimento Conceição, todos os produtores da região devem muito a ‘feira’, “porque é a partir desse momento, que conhecemos outras realidades, criadores de outros municípios e fechamos negócios que se estendem por todo o ano”, frisou.
Um dos destaques da feira foi à realização da Mesa Redonda, que contou com a participação da ACCOSFF, SEBRAE, ADAB, Banco do Nordeste, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro, IRPAA e SEDUC. O circulo de discussões abordou temas como: medidas para facilitar a compra de ração; articulação junto aos frigoríficos para o abate de animais via PAA e PNAE; Programa Bioma Caatinga; crédito emergencial; renegociação de dívidas e Programa Nacional de Habitação Rural. “Para que essas discussões possam obter êxito é necessário que as associações estejam em dias com suas obrigações conforme determina a lei, além é claro, que os produtores também estejam organizados”, declarou Chaveco.
Ao final do evento o titular interino da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Josival Barbosa, falou da importância do setor para Juazeiro. “Um evento como esse, movimenta toda cadeia produtiva, é um aquecimento da economia regional. Esse ano mesmo com todos os contratempos decorrentes da forte estiagem o evento já é um sucesso e os organizadores estão de parabéns”, afirmou.
Lene Radina – Assessoria de Comunicação/SEADRUMA