O placar de 38 a 27 na comissão especial é um indicador de que será dura a batalha do impeachment na votação no plenário da Câmara. Não é recomendável fazer uma projeção para o plenário levando em conta a proporção do resultado na comissão, porque a negociação por votos será ainda mais fragmentada.
No entanto, é inegável que o governo chega vivo à reta final dessa guerra. Também será um erro subestimar o peso político da vitória da oposição na comissão. Ela criou um fato favorável à sua estratégia, aprovando o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO). A possibilidade de impeachment não está enterrada.
No final das contas, os dois lados reuniram apoios relevantes. O governo obteve um voto a menos do que contabilizava. A oposição atingiu a marca que julgava realista.
Confronto de mapas
Para o confronto em plenário, o governo estima ter o apoio de 206 ou 207 deputados, incluindo eventuais ausências. É uma margem estreita
A oposição acredita que tem cerca de 315 parlamentares a favor do impeachment. Alguns membros dizem que já estão perto de obter 342 votos, que são os dois terços necessários para autorizar a abertura de processo de impedimento contra a presidente.
Mas não há segurança para cravar um resultado porque um grupo de 50 a 60 deputados continua a negociar com os dois lados. E ainda há fatores que poderão influenciar até o dia da votação, prevista para domingo. Exemplos: o peso dos atos políticos da cada lado, novos lances da Lava Jato e equívocos como a divulgação de um áudio no qual Michel Temer falava como se Dilma já tivesse caído.
Os integrantes do PSB, Fernando Filho e Tadeu Alencar, seguiram a orientação do partido e votaram a favor do relatório. Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) também não surpreenderam e votaram a favor do impeachment.
O único voto contrário ao relatório de Jovair Arantes foi o de Silvio Costa (PTdoB), já esperado diante dos posicionamentos adotados pelo deputado federal.
O resultado da votação na comissão deve ser lido no plenário da Câmara nesta terça-feira (12) e publicado no “Diário Oficial da Câmara” na manhã de quarta (13).
Depois de respeitado um prazo de 48 horas, a expectativa é de que a votação no plenário da Câmara comece na próxima sexta-feira (15) e leve três dias, terminando no domingo (17). Para ser aprovado e seguir para o Senado, instância à qual cabe julgar a denúncia, são necessários os votos de 342 dos 513 deputados.