Consórcio formado pela OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Mello e Coesa, responsável por dois dos 14 lotes da transposição do Rio São Francisco, foi alvo da Operação Vidas Secas, deflagrada ontem pela Polícia Federal. A operação apura suspeitas de desvio de R$ 200 milhões das obras de transposição sob execução do consórcio. Foram presos temporariamente o presidente da OAS, Elmar Varjão, e o executivo do Grupo Galvão Mario de Queiroz Galvão.
A investigação mira em uma suspeita de desvio em contrato de R$ 680 milhões do Ministério da Integração Nacional com o consórcio Apurações mostraram que as empresas do consórcio receberam verba da pasta para as obras e repassaram cerca de R$ 200 milhões para empresas de fachada de Youssef e do também doleiro Adir Assad. Os dois já foram condenados no âmbito da Lava Jato.
Para a chefe da operação Vidas Secas, a delegada da Polícia Federal Mariana Cavalcanti, as suspeitas de desvios de R$ 200 milhões em dois lotes das obras de transposição do Rio São Francisco, megaempreendimento do governo federal para levar água para a população do sertão, mostram que a indústria da seca ainda existe no nordeste. Deflagrada nesta sexta “a operação mostra que continuamos a ter problemas com a indústria da seca.
Essa obra que era grande esperança para acabar com o sofrimento do sertão, era a esperança de muitas pessoas e continua sendo alvo de ‘brincadeira’ com o dinheiro público’”, afirmou a delegada durante entrevista realizada na sede da Policia Federal em Recife (PE).
Para ela a situação é “revoltante” e mostra que a indústria da seca, termo designado para se referir à prática adotada por alguns políticos de explorar a pobreza e a falta d’água da população de algumas regiões por meio de obras para fornecer abastecimento como açudes em troca de votos.
A obra foi iniciada quando o cearense Ciro Gomes era o ministro da integração nacional, desde que começou em 2007 vários políticos já ocuparam a cadeira de ministro e que, portanto, esteve à frente da mega obra. Entre os caciques que comandaram as obras da transposição está o ex deputado baiano, Gedel Vieira e o atual senado pernambucano, Fernando Bezerra Coelho. Fernando foi indicado para o cargo a pedido do ex governador de Pernambuco, Eduardo Campos, logo no inicio do governo de Dilma Rousseff.

