CRÍTICO DE DILMA, NOVO MINISTRO DA EDUCAÇÃO RENATO JANINE ACREDITA QUE SÓ O ENSIN O PODE ACABAR COM O “RACHA” NO BRASIL

MONTAGEMJANINE

De um lado, os que querem o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) de qualquer jeito. De outro, os que apoiam o governo e, como já fez o ex-presidenteLula, fala em ‘Exército do MST’ nas ruas. O claro ‘racha’ que existe no Brasil pós-eleições de 2014 foi parcialmente abordado pelo novo ministro da Educação,Renato Janine Ribeiroanunciado nesta sexta-feira (27).

Em sua página no Facebook, o filósofo e professor titular de Ética e Filosofia naUniversidade de São Paulo (USP) pediu paciência ao jornalistas que esperam para ouvir o que ele pretende fazer na pasta e agradeceu as mensagens que recebeu, em apoio à sua nomeação, e comentou como se deu a sua chegada ao MEC (Ministério da Educação).

“Na quinta-feira recebi uma ligação do ministro (da Casa Civil) Aloisio Mercadante(sic), me convidando a ir a Brasília para vermos a possibilidade de eu ocupar este cargo. Aceitei. Cancelei alguns compromissos (…). Fui recebido por ele e pela presidenta, com quem tive longa conversa. Depois, fui ao MEC, onde o secretário-executivo (Luiz Cláudio Costa), que permanecerá, me fez um briefing inicial de um dos ministérios maiores, mais complexos e mais ricos da Esplanada. Bom lembrar que são 50 milhões de alunos e 2 milhões de professores! É o Brasil que está lá – subindo a ladeira”, escreveu.

Janine tomará posse oficialmente no próximo dia 6 de abril. Até lá, espera ter na ponta da língua as respostas que todos aguardam para os rumos da educação brasileira, que está sem um ministro desde a demissão de Cid Gomes (Pros), após um bate-boca com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e com outros parlamentares. Este fato aprofundou a crise política. O antídoto? Educação, nas palavras de Janine.

“Espero que a educação constitua um destes pontos que permitam unir o País, gente de um lado ou de outro mas que sabe que sem educar não se avança (sic)”, complementou o novo ministro da Educação, que terá o desafio de tornar o jargão ‘Pátria Educadora’, entoado exaustivamente por Dilma, uma realidade.

Crítico do governo Dilma

O nome de Janine gerou críticas dos opositores de Dilma, mas ganhou elogios por parte dos aliados e de nomes da esquerda brasileira. Mas engana-se que o filósofo seguia o perfil de ser mais um “companheiro”. Pelo contrário. Em recente entrevista publicada pela Revista Brasileiros, Janine considerou “autoritária” a concepção do governo da presidente, uma vez que os ministros parecem não ter autonomia nenhuma atualmente.

“É uma concepção de governo que não precisa prestar contas à sociedade. É isso que a Dilma está mostrando. Uma concepção de governo muito inquietante, porque é, no limite, autoritária. Adota as medidas que precisam ser adotadas, mas não explica. E não explica por que prometeu fazer uma coisa e está fazendo o contrário”, afirmou Janine à publicação.

Na mesma entrevista, o novo ministro da Educação disse que Dilma está sendo “obrigada a fazer uma política tucana”, após se mostrar uma “decepção” na área econômica. Ele ainda comentou que o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, “teria mais o perfil” para ser o candidato do PT a presidente em 2014, mas, segundo disse, Dilma foi escolhida pelo ex-presidente Lula porque era “a mais próxima do empresariado”.

Apenas os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e da Cultura, Juca Ferreira, teriam algum grau de autonomia, de acordo com Janine. “Os outros ministros correm o risco de terem a orelha puxada o tempo todo. O que torna difícil para eles irem a público. Vão defender o quê? De repente, muda tudo. Defendem o governo e recebem uma correção de cima”.

Na área da educação, deu pistas do que pode vir a fazer. “(É preciso) associar os programas sociais fortemente com educação, com treinamento da mão de obra. Claro que tem o Pronatec, tem programas bons, mas é preciso expandi-los”.

Janine ainda enfatizou a “simpatia” que a mídia demonstra pelo PSDB, citando os problemas recentemente enfrentados pelos governadores tucanos Beto Richa(Paraná) e Geraldo Alckmin (São Paulo). “Em São Paulo, a questão é a falta d’água. Alckmin alegou que não faltaria. No Paraná, o caso é mais acentuado, porque o governador realmente entrou em choque com os professores. Organizei inclusive um abaixo-assinado em apoio às universidades estaduais”, avaliou.

Sobraram ainda críticas ao PT. “O PMDB está adquirindo força só pelo vazio que o PT está deixando na política. O PT desocupou o espaço que tinha. Não desocupou com Dilma porque ela não gosta de política. O PT começou a esvaziar com Lula (…). O PT teria de perceber que toda a inclusão social foi transformada em um grande projeto de consumo. Não se tornou um projeto ético”, explicou.

Por fim, ele ainda fez uma análise da política no País hoje. “A direita tem avançado em boa parte por causa da pouca disposição da esquerda em fazer o enfrentamento de ideias (…). Hoje, na política brasileira, tucano fala para tucano, petista fala para petista. Ninguém convence ninguém. Com isso, se destrói um dos elementos básicos da política, que é a persuasão”, concluiu.

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