Por Priscilla Costa/Da Folha de Pernambuco
O crescimento da escolaridade da população negra (pretos e pardos) favoreceu uma maior ocupação dos negros no setor formal do mercado de trabalho da Região Metropolitana do Recife (RMR). A constatação é de pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Econômicos (Dieese) em parceria com a Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (Sqte). De acordo com o levantamento – que faz parte do boletim “Os negros no trabalho” – em 2012, eram 505 mil negros trabalhando com carteira assinada, o equivalente a 44% postos ocupados. Já no ano passado, mais 41 mil pessoas foram absorvidas pelo mercado de trabalho – totalizando 546 mil negros empregados no setor formal, ou seja, 46%. Outros 10% correspondem à ocupação no setor público, emprego doméstico e autônomo.
Conforme os dados, em 2013, 57,5% dos ocupados negros estavam no setor de serviços, contra 61,2% dos ocupados não-negros. No comércio e reparação de veículo – segundo setor com maior participação relativa na distribuição dos ocupados – a proporção de negros permaneceu estável entre 2012 e 2013. De acordo com o Dieese, a proporção de negros nesse setor foi relativamente maior que a dos não negros, sendo 21,8% contra 20,9%. Na construção se observou maior participação da população negra (9,6%) se comparada a dos não negros (6,9%).
Para o economista e coordenador da pesquisa pelo Dieese, Jairo Santiago, a queda na taxa de analfabetismo de 5,5% para 2,8% nos últimos dez anos em relação aos negros justifica a diferença nos números apresentados pela população não-negra.
DESEMPREGO
A pesquisa mostrou um aumento na taxa média de desemprego na RMR tanto para a população negra quanto para não-negra, com índice mais elevado para os primeiros – 13,5% ante 11,6% em 2013. Para a conselheira estadual das relações étnico-racial de Pernambuco, Marta Almeida, ainda persistem diferenças significativas nas condições de trabalho vivenciadas pelos negros. “Os negros estão em ocupações de menor prestígio e, mesmo quando têm maior escolaridade, estão em níveis mais precarizados. Para a gente, os dados apresentados são um ganho, mas ainda temos muito o que conquistar”, salientou.
